A FORÇA DE PENTECOSTES NA EVANGELIZAÇÃO E NA CONDUTA DOS CAMINHOS DA IGREJA E A FÉ NO ESPÍRITO SANTO QUE MOVE CATÓLICOS AO LONGO DOS SÉCULOS
Pentecostes é, sem dúvida, uma das celebrações mais relevantes para a Igreja Católica. Um evento que há mais de 2 mil anos instituiu profundas transformações e expandiu o cristianismo para todos os lugares possíveis por meio da Palavra. Esse grande acontecimento segue guiando os passos dos cristãos até hoje e trazendo reflexões. Pentecostes é derivado do grego “pentēkostē”, que significa “quinquagésimo”. É, portanto, no quinquagésimo dia após a Páscoa, período que também coincidia com a celebração dos judeus pela colheita – em que era oferecida ao Senhor a oferta dos primeiros frutos do trigo – que, com os anos, uniu-se à recordação da aliança feita por Deus, no Sinai.
Para os cristãos, Pentecostes representa o cumprimento da promessa de Jesus de enviar o Espírito Santo, que desceu sobre os apóstolos em línguas de fogo. Quando os discípulos estavam reunidos em Jerusalém, o Espírito Santo desceu sobre eles como línguas de fogo e eles começaram a falar em outras línguas, de acordo com a concessão do Espírito Santo a cada um deles. Antes, amedrontados e inseguros, foram transformados pelo poder do Espírito Santo, tornando-se corajosos pregadores e propagadores da mensagem de Cristo. É considerado pela Igreja Católica o movimento que marca o nascimento da comunidade cristã, com os apóstolos sendo enviados em missão para evangelizar todas as nações. Neste ano, os festejos de Pentecostes se concentram especialmente no dia 8 de junho.
Sobre o Pentecostes, Papa Francisco falou certa vez em um de seus discursos de forma simples, porém precisa, explicando o significado dessa festa. “E hoje celebramos a festa do dia em que o Espírito Santo veio. Mas, pensamos: os apóstolos estavam todos fechados no cenáculo. Estavam com medo e com as portas fechadas. Veio o Espírito Santo e mudou seus corações. E eles saíram para pregar com coragem. Coragem! O Espírito Santo nos dá a coragem para viver a vida cristã. E, por isso, com esta coragem transforma a nossa vida”, lembrou.
É justamente o Espírito Santo que guia os cristãos no caminho da fé. Esse mesmo Espírito Santo que fortalece a Igreja e ajuda a divulgar as mensagens ao longo de todos esses séculos. É o poder que impulsiona a Igreja na sua missão de evangelização e santificação, sendo a Trindade o mistério central da fé cristã, revelando um único Deus em três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Os apóstolos receberam dons do Espírito, como o poder de falar em línguas, curar e evangelizar: “Todos ficaram repletos do Espírito Santo e eles começaram a falar outras línguas conforme o Espírito Santo lhes concedia de se exprimirem” (At 2,1-4).
Pentecostes é um convite à reflexão sobre o papel do Espírito Santo em nossas vidas e na vida da Igreja. É um chamado à renovação espiritual, ao compromisso com a fé e à abertura para a ação transformadora do Consolador. Padre Reinaldo Beijamim, da Congregação do Santíssimo Redentor, explica a importância de viver o Pentecostes com fé e na crença do Espírito Santo. “Para nós, cristãos católicos, é o período que marca o fim do Tempo Pascal na liturgia da Igreja. A data faz memória a Jesus Cristo, que depois de ressuscitado subiu aos Céus, derramou o Espírito Santo sobre os discípulos e sobre toda a igreja conforme havia prometido”. Ele relembra a passagem: “Eu vos enviarei o prometido de meu Pai, entretanto permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto [Lc 24,49]”.
A devoção na Igreja se fortaleceu a partir de uma indicação do Papa Leão XIII. O ano era 1895 e ele aconselhou que os católicos fizessem a novena do Espírito Santo com a prece “Enviai o vosso Espírito e tudo será criado; e renovareis a face da Terra”. O Pentecostes também foi chamado séculos depois pelo Papa João Paulo II de “a nova primavera do Espírito Santo”.
A Festa de Pentecostes, popularmente conhecida como Festa do Divino, une tradição e espiritualidade, buscando a intercessão do Espírito Santo por meio das diversas demonstrações de devoção cultural e popular. É o período também de celebrar a devoção com festejos que acontecem por todo o país, especialmente no interior. Trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVI, a Festa do Divino, uma das maiores expressões da devoção popular brasileira, comemora a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Cristo.
Os festejos, especialmente o de Pirenópolis, em Goiás, com suas tradicionais cavalgadas, são considerados patrimônio cultural do Brasil. As cidades de Alcântara (MA), Paraty (RJ), São Luiz do Paraitinga, Mogi das Cruzes e Tietê (SP) também se destacam por suas festas. “Pentecostes é uma festa vocacional. É a festa da vinda do Espírito Santo sobre a Igreja e por tudo o que o Espírito Santo realiza na vida da Igreja. Nós devemos viver na força do espírito de amor para sentirmos a presença de Deus. Estarmos repletos dessa presença. A Trindade santa quer morar em nós para servir a Igreja, para viver os dons do Espírito Santo, para ter bons relacionamentos. O Espírito Santo abre os nossos corações à esperança e cultiva em nós o amadurecimento na relação com Deus”, explica Padre Reinaldo Beijamim.
O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade e desempenha papel fundamental no despertar da fé de cada um de nós. À medida que somos tocados pelo Espírito de Deus para estar em contato com Cristo, é especialmente no Batismo que o seu Espírito de forma mais intensa. Padre Paulo Carrara, doutor em teologia, c.ss.r, explica que quando pensamos que Deus é amor, concluímos que Ele só pode ser três: “Três pessoas numa única natureza. Uma perfeita comunhão de amor em que Jesus vem como é dito no Evangelho de João, o movimento de Jesus é pendular. Ele vem do Pai, assume a nossa humanidade, e, com ela, volta para o Pai. Assim, Ele nos leva a todos consigo: ‘Quando eu for elevado da Terra atrairei todos’ (Jo 12,32). E como Ele nos atrai? Enviando o Espírito Santo sobre os apóstolos, sobre a Igreja, sobre o mundo. Então, o Espírito Santo age no mundo como um ímã, uma força de atração, que atrai a todos, atrai a história, atrai o universo todo para a plenitude de Cristo”.