Estimado(a) leitor(a) da Revista Ave Maria, começo nossa reflexão mensal de agosto propondo uma busca pelo relacionamento saudável nas famílias.
Falar mal dos outros talvez seja um dos pecados mais cometidos, até mesmo entre os cristãos. O hábito nocivo de julgar e falar mal dos irmãos, infelizmente, existe. Como cristãos, deveríamos agir diferente, mas, falamos sem pensar, não lembrando do impacto negativo que essas palavras terão sobre a pessoa criticada quando isso chegar aos seus ouvidos. Outras vezes, ridicularizamos um irmão, fazendo sarcástica gozação de alguma excentricidade dele ou de algum erro que cometeu. Pode ser que ainda passemos adiante a mais recente fofoca (criada, naturalmente, pelos outros), tudo isso sem pensar, somente porque a “língua coça”. Todo comentário maldoso, que causa difamação e injúria, é chamado de maledicência.
Muitas vezes, usando a expressão “Deixe-me partilhar uma coisa com você” mascaramos nossa fofoca ou a conduta de falar mal dos irmãos. A respeito dos pecados da língua e do mal que ela faz quando mal usada, leiamos o capítulo anterior ao proposto para o estudo de hoje, em que o apóstolo Tiago nos diz “Meus irmãos, não haja muitos entre vós a se arvorar em mestres; sabeis que seremos julgados mais severamente, porque todos nós caímos em muitos pontos. Se alguém não cair por palavra, este é um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo” (Tg 3,1-2).
O que nos leva a falar mal dos outros? Inveja, ira, ciúmes, ócio ou até ódio momentâneo. Há momentos em que decidimos machucar alguém ou diminuir sua reputação levados por esses sentimentos que são considerados indignos até pelos pagãos e incrédulos. É triste o fato de que a maledicência possa existir dentro da nossa família e mais triste ainda é quando nos conformamos com esse fato, desde que ele seja convenientemente disfarçado. Tiago não se conformou com essa situação, que estava presente na Igreja de Jerusalém, por isso, deixou bastante claro que falar mal de alguém é um pecado que traz graves prejuízos ao corpo de Cristo.
O que é falar mal dos outros? Falar mal do irmão é dizer palavras a seu respeito que o tornem desacreditado, desonrado, menosprezado ou desprezado, quanto ao seu caráter ou às suas ações.
Por que devemos evitar a maledicência:
- Não devo falar mal dos outros porque isso é orgulho. Se eu falar mal de alguém estou afirmando que sou melhor do que ele. É prova de que já desobedeci a outro mandamento recíproco, o de não julgar os outros;
- Não devo falar mal dos outros porque assim desprezo nosso Pai comum, que criou esse irmão à sua própria imagem e semelhança e o redimiu em Cristo (cf. Tg 3,96; Rm 8, 28-29);
- Não devo falar mal dos outros porque minha responsabilidade é de ensinar, encorajar ou aconselhar o irmão, a fim de que ele seja edificado e não “enterrado vivo” pela maledicência;
- Não devo falar mal dos outros porque se não desejo que os outros falem mal de mim, não devo falar mal dos outros. Seria egoísmo ter uma medida para mim e outra para o irmão.
Sendo assim, a maledicência é uma grave doença no corpo de Cristo, agindo como um veneno que não pode circular dentro da família, pois faria com que os membros vivessem desconfiados uns dos outros. O contrário acontece quando os cristãos evitam a maledicência: todos podem confiar nos familiares e edificarem uns aos outros, assim, será mais provável que os membros da família tenham igual cuidado uns pelos outros e expressem, diante do mundo, o amor e a unidade que Jesus quer.