Na Eucaristia, o próprio Jesus está presente e Ele nos alimenta. Ele realiza em nós algo de extremamente grande e misterioso que só a fé pode nos revelar: transforma-nos nele.
São Tomás de Aquino disse que “O efeito da Eucaristia é a transformação do homem em Deus, a sua divinização”. Já a Constituição Dogmática Lumen Gentium informa que “A participação no corpo e no sangue de Cristo tem como efeito a nossa transformação naquilo que recebemos” (26) e Cirilo de Jerusalém afirma “Sob a aparência do pão nos é dado o Corpo, sob a aparência do vinho nos é dado o sangue de Cristo para nos tornarmos ‘concorpóreos’ e ‘consanguíneos’ com Ele” (Catequeses mistagógicas, 4,3).
A Eucaristia gera transformação individual e a unidade entre os homens, gera comunhão entre a família dos filhos de Deus. Faz a Igreja, edifica-a. Essa é a maravilha que produz.
Há condições para que se realize essa transformação. A Eucaristia pode produzir efeitos diversos em cada um de acordo com as seguintes condições: acreditar em Jesus e na sua Palavra; colocar em prática o seu mandamento; reconciliar-se com os irmãos, estar em estado de graça, estar em plena unidade com a Igreja, com o bispo. Tais condições supõem um comportamento tal para que os efeitos permaneçam, por isso, devemos nos comportar como Jesus, “revestirmo-nos” de Cristo em atitudes, pensamento, modo de ver e viver a vida que nos é dada. Mesmo se o mundo que nos circunda pensa e age diferentemente, devemos seguir Jesus, testemunhar que somos discípulos dele: devemos ir contracorrente e manter nosso coração nele como nosso único tesouro. Jesus não pede pouco, sua Palavra exige tudo. Amar a Deus e ao próximo sintetiza tudo o que Jesus viveu e espera de cada um de nós.
A Eucaristia nos ensina a amar. O amor é a característica da vida cristã, tanto para conservar o efeito da Eucaristia como para formar o corpo de Cristo, que é a Igreja. Toda família tem sua exigência de amor e a família dos cristãos, também. A Eucaristia nos ensina que devemos amar e como devemos amar. Diante de Jesus se compreende que todos os homens são iguais, todos filhos de Deus, todos possíveis seguidores seus, candidatos a fazerem parte da Igreja. Jesus não faz diferença entre as pessoas, Ele mostra que amar significa “fazer-se um”, de modo que todos sejam nutridos pelo nosso amor. Quem ama “se faz um”. Se formos um, o mundo acreditará (cf. Jo 17,21).
Essa é a contribuição para o Reino de Deus que podem dar os cristãos que vivem a própria fé. O mundo que ainda não conhece Cristo não espera outra coisa senão Ele e a sua Palavra! Alimentando-nos da Eucaristia com frequência e nas condições necessárias, assumamos a aventura de amar com todo o nosso coração, amar a todos e nos amarmos reciprocamente, assim, poderemos tornar a Igreja mais bela, poderemos renová-la e construí-la onde ainda não está presente.
Maria – modelo e exemplo da Igreja – é toda ela expressão da Eucaristia. Colaborou para que a Eucaristia – Jesus encarnado e ressuscitado – se fizesse realidade e ela mesma viveu o mistério de seu Filho sendo Eucaristia viva. Ela, como ninguém, fez-se concorpórea e consanguínea de Cristo e edificou com sua vida a Igreja.
A Eucaristia faz a Igreja quando vivemos como numa família, tendo amor uns para com os outros, pois a Eucaristia como presença de Cristo nos ensina a amar.
O mundo, hoje, é muito sensível aos fatos. As pessoas não ouvem tanto as palavras, mas, acreditam nos que dão testemunho, naqueles que falam com atitudes concretas. O amor concreto é o melhor serviço que podemos prestar à humanidade. Foi o que fez Jesus e continua fazendo na Eucaristia.