CEMITÉRIO: LUGAR DE VIDA, HISTÓRIA E LEGADO

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O cemitério é o lugar onde repousam nossos mortos. Do latim “caemeterium”, significa “dormitório”, ou seja, lugar de repouso.

De tradição para tradição, a morte tem significados diferentes, mas iremos nos atentar a esse significado para o catolicismo. A morte para o cristão é passagem desta vida para a vida eterna: “Requiem aeternam dona eis, Domine!” (Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno).

Costumeiramente, pensar em cemitério é pensar num lugar assombroso, frio, tenebroso. Para o catolicismo, por mais que não possamos explicar a morte, tocá-la em sua essência – a não ser quando por ela passarmos – é visto como chave para o encontro com o eterno Deus. Com esse olhar sacro acerca do cemitério e, além disso, com terna atenção e significação à morte de nossos familiares, cuidamos de seus “leitos eternos” a fim de dignificar e honrar sua memória.

Um dos cemitérios mais antigos do Brasil é o de São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ). Ele é, sem dúvida, um dos mais belos do Brasil. Inaugurado em 1852, localiza-se na zona sul do Rio de Janeiro, medindo aproximadamente 333,50 metros quadrados. É conhecido como “Cemitério das Estrelas” por nele repousarem diversas personalidades artísticas, históricas e que tiveram um papel de importância no meio político de sua época. Dentre elas, destacamos nove ex-presidentes da República e figuras artísticas que marcaram o Brasil: Machado de Assis, José de Alencar, Cândido Portinari, Carmem Miranda, Tom Jobim, Santos Dummont, Vinícius de Moraes, Chacrinha, Clara Nunes, Cazuza, dentre tantos outras.

Em suas dependências encontra-se a Igreja de São João Batista, com seu estilo neoclássico, inaugurada por dom Pedro II em 24 de junho de 1874. Foi projetada pelo arquiteto Francisco Joaquim Bittencourt da Silva.

O lugar é visitado por diversas pessoas, sendo conhecido por sua expressão cultural, artística e histórica não só para o século no qual foi criado, mas até hoje. Dos lugares mais visitados está o Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, que serve de morada aos “imortais”, e as criptas e monumentos da Aeronáutica, Marinha e Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Promove visitas turísticas guiadas mensalmente, tornando-se cada vez mais acessível não só aos estudantes e historiadores, mas a qualquer pessoa que queira fazê-la. As visitas duram cerca de uma hora e meia. É possível vislumbrar a expressão artística de outros tempos até o nosso. Dos monumentos presentes nos túmulos de seu interior são mais de trinta obras de Bernardelli, Humberto Cozzo e outros mais que são desconhecidos dos historiadores da arte.

O Cemitério São João Batista é cuidado pela Concessionária Rio Pax, que gere, conserva e realiza toda a devida manutenção desse lugar de tamanha importância à história do povo brasileiro. Além dele, a Rio Pax é responsável por guardar outros cinco cemitérios públicos, garantindo a integridade e o respeito à história e ao legado de nossos irmãs neles sepultados: Inhaúma, Irajá, Campo Grande, Jacarepaguá e Piabas.

Em 2015 foi considerado o primeiro cemitério da América Latina a entrar para o Google Street View, permitindo a quem desejar realizar uma visita virtual em suas dependências, fazendo-o ainda mais conhecido. Das novidades que aguardam seus visitantes, está o fato de pessoas famosas receberem em seus túmulos placas de QR Code que permitem o conhecimento de suas histórias. Para os próprios guias e historiadores do cemitério, o mapeamento permite que ele seja visto como um local de encontro e arte e não de morte e afastamento, assim, a memória daqueles que lá descansam está se tornando cada vez mais acessível.

Rompemos com a ideia de que só conhecemos a vida daqueles falecidos que nos foram próximos, seja por laços de sangue ou por terem feito parte de nossa história. No Cemitério São João Batista podemos entrar em contato com as histórias de vida daqueles que nela deixaram suas marcas: na política, arte, cultura e de tantas outras formas, passando a ser conhecidos por nós não só pelos livros e histórias, passando a fazer-se presentes no meio digital e se tornando cada vez mais acessível às pessoas por ele.

Que nossos falecidos sejam lembrados, respeitados e honrados e que por eles elevemos a Deus as nossas preces, como diz no Responsório: “Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno”.

Editorial

Produção Editoral feita em parceria com a Agência Minha Paróquia

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