Como anda sua relação com Deus?

Essa pergunta precisa estar sempre perto de nós, afinal de contas, precisamos sempre avaliar nossas prioridades e como gastamos nosso tempo. Sobretudo no tempo do Advento somos chamados a avaliar mais intensamente como anda nossa relação com Deus.

Muitas vezes passamos por tempos fortes, marcados por enfermidades, acidentes, perdas de familiares ou de amigos próximos, dificuldades financeiras e outras situações que nos fazem parar e automaticamente nos levam a refletir sobre nossa relação com Deus. Esses momentos de dor são oportunidades que a providência divina permite para voltarmos a Deus e conhecê-lo mais. 

Por que voltar? Jesus apresenta na maravilhosa parábola do filho pródigo (cf. Lc 15,11-32) a verdadeira motivação que deve reger nosso retorno para Deus: a bondade do Pai. Ao narrar a história do filho mais novo que abandona a casa paterna e sofre a dor do fracasso de uma busca de felicidade frustrada, Jesus aponta um caminho aberto para a volta para o Pai do Céu: foi na reflexão interior que o filho obteve o reconhecimento da “bondade do pai”. Com efeito é na reflexão, na atitude de “entrar em si” que o filho faz memória da generosidade do pai e, ao mesmo tempo, lembra quem ele é: filho. O fruto dessa experiência de fé no amor do pai o faz renovar sua identidade, sua filiação; assim, movido pelo arrependimento e com confiança filial retorna a casa paterna, diz a Escritura: “Entrou então em si e refletiu: ‘Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome. Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou (Lc 15,17-19).

Santo Inácio de Loyola, mestre em espiritualidade, é um grande exemplo do fruto que se alcança ao fazermos uma reflexão, especialmente no momento de dor, de como anda nossa relação com Deus. Inácio era militar antes de se converter ao Senhor; certa vez, estando em batalha na cidade de Pamplona, Espanha, foi atingido por um canhão que quase destruiu sua perna. No tempo de sua recuperação, interessou-se pela leitura da vida de santos e, pouco a pouco, foi contagiado pelos nobres testemunhos de santidade, a ponto de abrir-se à vontade de Deus a respeito de sua própria vida e a mudar o rumo que iria tomar a partir daquele momento. A partir dessa experiência, abandonou-se confiantemente nas mãos de Deus e ao processo de cumprir o fantástico sonho do Senhor para sua vida.

A graça e o perdão de Deus nunca se esgotam, mas, cabe a nós aproveitarmos as oportunidades e nos avaliarmos: buscamos o Senhor somente quando nossa situação “aperta”? Vamos à Igreja somente quando precisamos de algo? Buscamos a Deus por amor? Com o mesmo amor com que Ele nos ama? Podemos dizer como o salmista: “Com o que poderei retribuir todo o bem que o Senhor me fez?” (Sl 116,12). Deus nos amou por primeiro (cf. 1Jo 4,19), o Pai nos deu seu próprio filho, Jesus, para nossa salvação. Jesus é o maior sinal do amor que o Pai deu à humanidade. Jesus, por sua vez, prova seu amor para conosco pelo fato de ter morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (cf. Rm 5,6-12). 

Aproveitemos, portanto, o tempo oportuno para retornar a Deus! Façamos memória da bondade do Altíssimo, isso nos eleva em dignidade, faz-nos experimentar o mesmo que o filho pródigo no retorno à casa paterna: tenho um pai generoso, sou filho muito amado!

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