COMO ESTAMOS?

“Mas qual de vós, por mais que se preocupe,
pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?”
(Lc 12, 25)

“Passado não volta, futuro não temos e o hoje não acabou.
Por isso ame mais, abrace mais,
pois não sabemos quanto tempo temos pra respirar.
Fale mais, ouça mais,

vale a pena lembrar que a vida é curta demais.”
(Tiago Brado)

O ano mal começou e já é junho. Até há pouco tempo estávamos pensando sobre o início do ano e seus desafios e, agora, já vivemos a metade do ano. O tempo, realmente, em sua dimensão kronos, devora-nos. A correria dos dias com suas infinitas demandas que nos chegam pelos diversos meios, de diferentes origens e inúmeras urgências, vai ditando o nosso modo de vida.

Chegado o mês de junho, a metade do ano, é um momento oportuno para avaliarmos, olharmos os nossos projetos, as perspectivas que tínhamos no início do ano e vermos o que foi possível realizar, aquilo que foi deixado de lado e aquilo para o que perdemos o ânimo, algo tão próprio dos planejamentos que realizamos a cada início de ciclo, sempre com a promessa de mudança de vida.

Quais foram as propostas que nos dispusemos a realizar nos campos pessoal, profissional, espiritual, social, familiar e até mesmo de saúde? Será que estamos esperando o momento ideal para iniciarmos algo em nossas vidas? 

Tenho aprendido que o tempo ideal é o hoje, pois é o único que temos. Digo isso sem romantizar a vida e as realidades. O fato é que temos muitas impossibilidades, mas, também, muita força e caminhos para realiza os nossos sonhos e projetos. A vida escapa de nós como água por entre os dedos; é preciso saboreamos o caminho sendo trilhado, a vida é o caminho.

É válido recordar que Cristo assinala a importância de refletirmos sobre aquilo que fazemos com as nossas vidas ao apresentar a insensatez do homem rico que, após uma grande colheita, planeja derrubar seus celeiros e construir novos e maiores, mal sabendo ele que a sua vida terrena estava no fim (cf. Lc 12,16-23).

Esse alerta, dado pelo Cristo, não tem o intuito de nos amedrontar; é um sinal para olharmos as nossas vidas com a reverência que elas exigem, com os cuidados necessários e percebendo que estamos passando, assim como o tempo. O melhor de tudo isso é que temos um Deus que caminha conosco, ensinando-nos a seguir e a viver.

Seguindo os ensinamentos do Cristo, seu modo de amar, de tratar as pessoas e de anunciar o Reino, temos a certeza de que as nossas vidas não estão apenas passando. É um modo de transformarmos o tempo kronos em kairós, modificarmos o tempo que nos devora em tempo que nos edifica e que constrói relações de amor e fraternidade.

Como dito, estamos no meio do ano, ainda há tempo de colocarmos a nossa lista de projetos em dia. Muito tempo já passou, mas, ainda há muito por vir. Peçamos ao Senhor a graça de estarmos atentos aos seus ensinamentos e sinais. O tempo urge, mas a vida é caminho e pede que seja trilhado com amor e reverência.

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