A indulgência plenária é um dom concedido pela Igreja durante o Ano Jubilar, permitindo aos fiéis a remissão total das penas temporais devidas pelos pecados já confessados. O Papa Francisco afirmou: “A indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus” (Bula Spes Non Confundit, 23). Essa graça oferece uma oportunidade única de conversão, conduzindo a uma maior proximidade com Deus.
O QUE SÃO INDULGÊNCIAS?
As indulgências são graças espirituais que manifestam a plenitude da misericórdia divina, concedidas pela Igreja àqueles que cumprem determinadas condições. Representam um auxílio concreto aos fiéis que desejam aprofundar a vida de graça e fortalecer a comunhão com Deus.
A doutrina das indulgências fundamenta-se no poder conferido por Cristo à Igreja, de “ligar e desligar” (cf. Mt 16,19), e na comunhão dos santos, pela qual se unem os méritos de Cristo, da Virgem Maria e de todos os fiéis. O Catecismo da Igreja Católica ensina que a indulgência é “(…) a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições” (1471).
Para receber a indulgência, o fiel deve estar em estado de graça, cumprindo três condições essenciais:
- Confissão sacramental, que é buscar o perdão dos pecados pelo Sacramento da Reconciliação;
- Comunhão eucarística, ou seja, participar da Eucaristia, unindo-se intimamente ao sacrifício redentor de Cristo;
- Oração pelo Papa e pelas suas intenções, que quer dizer rezar pelo Santo Padre e pelas intenções da Igreja universal.
REQUISITOS PARA OBTER INDULGÊNCIAS NO ANO JUBILAR DE 2025
Além das condições habituais, há exigências específicas para os fiéis que desejam lucrar as indulgências jubilares.
Peregrinação aos santuários e basílicas designados
Durante o Ano Jubilar de 2025, a peregrinação adquire um profundo significado espiritual. A Igreja convida os fiéis a realizar viagens de fé até basílicas e santuários indicados como lugares jubilares, como sinal de conversão e reconciliação.
O itinerário ideal inclui a participação devota em celebrações litúrgicas – Missa, via-sacra ou Liturgia das Horas –, sempre associada ao cumprimento das condições ordinárias: Confissão Sacramental, Comunhão Eucarística e oração pelas intenções do Papa.
Roma ocupa lugar privilegiado nesse caminho: os fiéis são incentivados a visitar ao menos uma das quatro basílicas papais maiores, como São Pedro ou Santa Maria Maior, contudo, a peregrinação pode ocorrer também em igrejas catedrais, santuários marianos ou outros locais sagrados definidos pelos bispos diocesanos. Essa prática não se limita a um deslocamento físico, trata-se, sobretudo, de uma jornada espiritual de busca e de encontro com Deus.
Participação nos sacramentos
As indulgências jubilares são mais do que um dom, são apelos à conversão e à vida sacramental. A participação consciente e devota nos sacramentos da Confissão e da Eucaristia é imprescindível, bem como a oração pelas intenções do Papa.
A Confissão Sacramental reconcilia-nos com Deus e com a Igreja, abrindo-nos o coração à graça e à vida nova. A Eucaristia, centro da fé cristã, une-nos profundamente ao mistério pascal de Cristo. Ao rezarmos pelas intenções do Santo Padre, integramo-nos na comunhão universal da Igreja, assumindo também as necessidades da humanidade.
Esses passos, simples na prática, configuram uma verdadeira jornada de transformação, expressão do amor eterno de Deus.
Prática de obras de misericórdia
O Ano Jubilar é também convite à ação concreta: transformar a fé em obras de caridade. A indulgência plenária está intimamente ligada à prática das obras de misericórdia, expressões do coração compassivo de Cristo.
Tais obras, corporais e espirituais, incluem alimentar os famintos, vestir os necessitados, visitar os doentes, consolar os aflitos, ensinar, perdoar, rezar pelos vivos e pelos mortos, entre outras. Ao realizá-las, testemunhamos a misericórdia divina e fortalecemos a comunhão com os irmãos, especialmente os mais vulneráveis.
Nesse espírito jubilar, os gestos de caridade tornam-se sinais vivos da esperança e da reconciliação que Deus quer oferecer ao mundo.
Indulgências para aqueles que não podem peregrinar
O Ano Jubilar é inclusivo, acolhendo todos os fiéis, mesmo os impedidos, por razões de saúde, idade ou outras limitações, de realizar peregrinações ou participar presencialmente das celebrações. Eles podem receber as indulgências ao unir-se espiritualmente às celebrações por meio dos meios de comunicação e ao dedicar tempo à oração sincera – com o Pai-Nosso, a Profissão de Fé e outras invocações próprias do Ano Santo; além disso são convidados a oferecer com fé os seus sofrimentos e limitações como sacrifício espiritual, transformando a experiência da dor em testemunho de esperança e de confiança na misericórdia divina. Dessa forma, mesmo no isolamento de um hospital ou no recolhimento de um mosteiro, a graça jubilar atinge e renova cada coração, mostrando que a fé ultrapassa todas as barreiras.
Referências
Bula Spes Non Confundit: Francisco. Bula de proclamação do Jubileu Ordinário de 2025: Spes Non Confundit. Vaticano, 2024. Disponível em vatican.va. Acesso em 21 de maio de 2025.
Catecismo da Igreja Católica. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1993.