O SENTIMENTO DE NÃO ESTAR À ALTURA DOS PADRÕES SOCIAIS
Certamente, em algum momento de sua vida você já se sentiu inferior às outras pessoas e até rejeitado por estar fora dos padrões sociais. É uma experiência dolorosa e comum. O complexo de inferioridade geralmente é inconsciente e leva os indivíduos a comportamentos sociais exagerados, com fases de grande inibição e momentos de exposição inadequada de si.
Já o complexo de rejeição é uma espécie de bloqueio no desenvolvimento de relações interpessoais saudáveis, provocando autossabotagem inconsciente. São pessoas que rejeitam a convivência por medo de serem rejeitadas.
Basicamente, podemos chamar de “complexo de Zaqueu” a soma desses dois complexos, o de rejeição e o de inferioridade. Complexo de Zaqueu é o sofrimento emocional mais ou menos inconsciente, marcado por sentimento de rejeição e de inferioridade.
Como padre e psicólogo, descobri que esse tipo de disfunção emocional é comum tanto no confessionário como no divã, daí surgiu a ideia de promover encontros de leitura orante da Palavra de Deus sobre esse tema com o objetivo de ajudar as pessoas a identificar e tratar esses padrões disfuncionais à luz da fé. O resultado não podia ser melhor. É que a fé tem uma dimensão terapêutica. É claro que não se deve fazer do divã um confessionário e nem do confessionário um divã, porém, é possível e até necessário o diálogo entre os saberes propostos nesses dois ambientes. Também não se deve fazer de Jesus um psicólogo (pois é nosso Salvador), mas é frutuoso destacar a dimensão curativa que a fé cristã produz.
Fato é que abracei essa intuição como uma missão. Visitei e continuo indo às paróquias próximas e distantes levanto a leitura orante com o tema “Como Zaqueu: caminhos para a superação da inferioridade e rejeição”. Contudo, a misericórdia divina me surpreendeu com a proposta de publicar um pequeno resumo desse trabalho. Essa bênção me veio pela Editora Ave-Maria, que já havia publicado, em 2017, um ensaio que escrevi, na fronteira entre literatura, Teologia e psicanálise chamado Jesus e o Pequeno Príncipe, com excelente acolhida entre os leitores.
Agora, todas as pessoas interessadas no assunto poderão ter em mãos o resultado de tantas horas de trabalho e oração. Para estimular a leitura, tanto pessoal como comunitária, o livro apresenta um roteiro teórico e prático a partir da cena do encontro de Jesus com Zaqueu (cf. Lc 19,1-10).
Zaqueu representa cada ser humano que tenta superar seus traumas, sentimentos de inferioridade e sensação de rejeição se apegando ao poder, ao prazer e ao ter, contudo, é possível transformar a própria vida.
O caminho é o seguimento da pessoa de Jesus.
É possível que Zaqueu tenha exagerado em sua busca pelo enriquecimento financeiro possivelmente por conservar em seu psiquismo grave sentimento de inferioridade. Isso se liga diretamente ao outro sentimento, o de rejeição. Ao se sentir inferior ele busca status no poder social e político e encontra em parte o que procura, reconhecimento social, mas também encontra a rejeição das vítimas do sistema que lhe deu poder.
Essas e outras reflexões já estão à disposição dos leitores nas lojas físicas e virtuais ligadas à Editora Ave-Maria. De minha parte, rezo para que esse trabalho chegue às mãos dos que mais necessitam e fico à disposição para estar com as pessoas que assim desejarem para uma vivência da leitura orante da Bíblia.