Queridos catequistas, o caminho espiritual com Jesus aponta para uma experiência de acolhimento de suas palavras e de seus ensinamentos. A vida espiritual se constrói num ambiente que ativa a nossa fé e a nossa adesão ao projeto de Jesus Cristo. O caminho da fé, trilhado por todos nós, atravessa diferentes cenários e formas de interatividade, que configuram uma nova relação humana com o divino. O itinerário, percorrido por meio de textos, contextos, livros, manuais, escritos, cartazes, orações e outras formas impressas de apresentação das verdades da fé, está em processo de nova configuração pela popularização da internet, possibilitando uma nova ambiência religiosa.
O sagrado está no mundo virtual e a acelerada conexão com o tema traz para a catequese um novo campo de missão. Não se trata apenas de nova linguagem, mas de um espaço ilimitado de percepções do sagrado. O caminho torna-se acessível em segundos e o conteúdo é apresentado sem a preocupação da presença e da confiabilidade de uma mediação humana.
Os espaços e os lugares de catequese, os sujeitos e os responsáveis pela transmissão da fé, a relação fraterna e integrada da comunidade eclesial e os esforços para o comprometimento com a vida comunitária correm um sério risco. A aproximação com o campo da visualização pode superar o encantamento pela participação, em vista do sentido de pertença por meio de vivências comunitárias para o fortalecimento de vínculos com a comunidade de vida e de fé cristã.
É urgente lançarmos um olhar responsável sobre o novo horizonte da catequese em nossas comunidades. Catequese é um tempo de despertar para Cristo, vivo e presente no meio de nós. Quanto mais distância houver entre as pessoas, mais espaço daremos para a busca de conteúdos na internet, sem cuidados e sem critérios. Quanto mais cultivarmos a cultura do encontro, pela via da proximidade e da misericórdia, diminuiremos os riscos de uma catequese descontextualizada e aliada a uma espetacularização da fé.
O grande desafio para nós, catequistas, no caminho de renovação da catequese está no comprometimento de acolher o catequizando para caminhar com ele e não somente ensinar. Ainda em muitas comunidades a preocupação com o tempo e com o ensino sobrepõe a experiência da participação e da comunhão, quando o correto seria caminharmos com o Mestre, sem pressa e sem distrações.
“Jesus disse-lhes: ‘Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens’. Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no.” (Mc 1,17). O convite feito por Jesus foi para uma vida inteira e não para alguns dias ou meses de formação. Trata-se de um caminho de seguimento.
Baseados nos ensinamentos de Jesus, os cristãos podem retomar o caminho de reconstrução da comunhão. Podemos trilhar um caminho de perseverança na fé, sustentados na verdade e no amor de nosso Deus, para que a catequese seja um espaço vital de unidade entre pessoas que se comunicam e convivem harmoniosamente bem.
O ambiente catequético requer organização de espaço, de tempo, de materiais e de novidades, com elementos formativos e celebrativos. O ambiente catequético é lugar de propor a busca de escolhas acertadas, de escuta, de partilha, de superação da ignorância e da cegueira espiritual. Não basta organizar o espaço com cadeiras em círculo ou almofadas ao chão, favorecendo as rodas de conversa, mas é preciso garantir o movimento que envolve e que compromete catequistas e catequizandos num processo de mudança para um novo agir catequético: do encontro de catequese para o encontro com catequese.
A renovação da catequese, numa sociedade fortemente marcada pela diversidade cultural e social, passa pela escolha de criativas dinâmicas de integração para iniciar os catequizandos numa comunidade guiada pelo espírito de união, de amor, de respeito, de empatia e de inclusão, assim, esse cenário de pluralidade torna-se um estímulo para o exercício da fraternidade, gerando um profundo sentimento de pertencimento e de identidade cristã.
O salto significativo que podemos dar para um encontro com catequese facilitará o acesso ao pensamento e às palavras de Jesus, pois cada passo no processo de crescimento da fé passará, necessariamente, da experiência humana para o divino. Recordemos o dia em que Jesus levou consigo Pedro, Tiago e João para uma alta montanha e transfigurou-se diante deles. Aquela caminhada e subida para o alto da montanha foi um encontro com catequese: Jesus e os discípulos caminharam juntos, dialogaram e se encontraram na revelação da novidade de Deus: “Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o” (Mc 9,7). Jesus faz a sua catequese revelando, em seu rosto iluminado, o mistério escondido em sua face humana.
O encontro com catequese favorece a interação entre pessoas e delas com o Senhor, facilita a comunicação espontânea e positiva, propõe caminhos para a esperança e fortalece o vínculo de unidade. Consideremos os recursos convencionais ou virtuais de aprendizagem como ferramentas para a construção do conhecimento espiritual, mas não deixemos de reconhecer que o domínio doutrinário serve para acolher e para aplicar princípios fundamentais para uma vida cristã autêntica, isto é, ser e saber para saber fazer e saber conviver.
Vamos arrumar a nossa casa: abrir as portas e as janelas, acender as luzes, limpar os espaços, preparar os materiais necessários e enfeitar o lugar do encontro. Vamos abrir os braços para os abraços e os lábios para um sorriso acolhedor.
Continuemos alegres e corajosos no caminho do discipulado, acreditando na possibilidade de um novo tempo para a catequese.
Juntos na missão!