As estatísticas de pessoas batizadas que não participam da comunidade cristã são aterradoras. Existem os que foram batizados e que não são praticantes e outros até que já se atualizaram, mas, talvez o maior drama seja daqueles que se declaram fiéis, pessoas de Igreja ou até bons cristãos. A grande maioria dos que seguem a Cristo são cristãos subdesenvolvidos.
Enquanto nós, cristãos, não estivermos maduros no amor, não podemos assumir, em pleno sentido, o nome de cristãos, isto é, discípulos de Cristo.
Normalmente somos cristãos porque fomos batizados. Depois, tornamo-nos, por assim dizer, cristãos em via de desenvolvimento. Somente quando a vida, o amor e a santidade de Cristo triunfarem em nós podemos nos dizer verdadeiramente cristãos. Sendo assim, não é estranho reconhecer em cada um de nós um cristão em fase de desenvolvimento.
O que fazer para mudar essa condição? Que meios empregar? A Igreja, em toda a sua história, na sua organização pastoral, na sua liturgia, na sua ação evangelizadora, catequética e missionária oferece-nos muitos caminhos e meios para viver a santidade, que é e deve ser o nosso estilo de vida, nossa única e fundamental vocação-missão. O Batismo nos dá a condição de cristãos, incorpora-nos em Cristo, preenche-nos da graça de Deus. Todos esses dons necessitam, porém, da nossa correspondência. Como acontece na vida natural, muitas pessoas às vezes são tão subnutridas que já não sentem mais o estímulo da fome. No plano espiritual pode-se dar o mesmo. Muitas vezes estão ali, à nossa espera, o próprio Cristo, o Espírito Santo e não nos nutrimos deles; perdemos até, como acontece muitas vezes, o estímulo, o interesse, a busca. Precisamos de alimento para o espírito e a Eucaristia está ali, sempre à nossa espera. Precisamos de força para revigorar a nossa vida, de perdão, de cura, estamos nus e precisamos nos revestir de Cristo e ali está Ele, no Sacramento da Confissão para nos perdoar, curar, plenificar de sua paz.
Muitas vezes somos sem teto, sem lar, sem amor e, no entanto, poderíamos, se vivêssemos como cristãos, construir já aqui na Terra uma verdadeira família em cujo seio habita Cristo, que faz com que coloquemos em comum nossos bens, tanto materiais como espirituais.
Caminhamos, muita vezes, como pessoas errantes, sem saber para onde ir, onde encontrar sabedoria para viver, vazias de sentido e no entanto temos o código da vida, o Evangelho.
Lamentamos, muitas vezes, que a Igreja está em crise e nos espantamos com certas notícias e acontecimentos e não pensamos que a Igreja somos todos nós. A Igreja é tal como nós cristãos a exprimimos.
Muitas vezes falamos do subdesenvolvimento cultural, econômico, social, porém nós, cristãos, somos totalmente subdesenvolvidos porque as possibilidades de desenvolvimento nos circundam e nos desafiam permanentemente e nem sempre reconhecemos aí as ocasiões concretas de amar e viver nossa fé.
Os grandes e graves problemas que atingem o mundo exigem antes de tudo um amor universal que leva a interessar-se por todos os povos. Esse amor é a expressão mais típica da fé e poderia se expressar em projetos capazes de reestruturar o mundo para que ele fosse o que deve ser: composto de povos de irmãos, comunidade de amor. Esse é o grande dom que nós cristãos podemos oferecer ao mundo, no entanto, somente Cristo, presente entre nós por meio do amor recíproco, pode acender em nós um espírito novo e uma visão universal do amor, exatamente Ele que viveu por essa causa e pela qual deu a vida.
Para sermos úteis na solução dos problemas do mundo que atingem todos os meios e todos os ambientes é necessário resolver o mais grave problema de todos, isto é, o fato de sermos tão pouco cristãos. O cristão é realmente útil à humanidade quando é perfeito como o Pai, pois, quando o cristão é o que deve ser, isto é, outro Cristo, é alguém que serve ao Pai servindo aos irmãos. Isso significa que somente o cristão consegue ser homem completo. Aos olhos de Deus, homem e cristão se correspondem.