FESTA DA ASSUNÇÃO DE MARIA (CF. LC 1,39-56)

“Porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é santo.” (Lc 1,49)

No Brasil, por razões pastorais, a celebração da assunção de Maria, quando a data do dia 15 de agosto não coincide com o domingo, é transferida para o domingo seguinte. Assunção significa elevação, assim, quer dizer e afirmar que Maria foi elevada plenamente ao Céu por Deus. A festa recorda a vida de uma pessoa que se abre ao mistério divino com toda a intensidade de seu ser e viver: Maria, aquela que recebe o grande anúncio na história.

Deus a escolheu para ser a mãe de Jesus, o Messias esperado. A história de Jesus, o Cristo, na Terra inicia com uma mulher, que se torna seguidora e missionária. Após a notícia recebida de que geraria o Messias, por obra do Espírito, Maria, saindo de seu espaço e ambiente, coloca-se em movimento a serviço da vida que gera em seu ventre e da vida do outro quando vai ao encontro de sua parente Isabel e, com ela, da criança que está sendo gerada, João, e de Zacarias. Movimentos que mudam a história e dignificam o ser humano.

Isabel saúda Maria dizendo “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre (…). Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!” (Lc 1,42.45). Atesta algo extraordinário: “Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio” (Lc 1,44).

O termo em grego “estremecer” (εσκιρτησεν – eskírtesen) pode ser traduzido como “saltitar”. Esse termo aparece nas traduções gregas do Antigo Testamento quando Davi dança diante da arca da aliança (cf. 2Sm 6,16). Lucas expressa que, como Davi, a criança no ventre da mãe dança. Maria é a nova Arca da Aliança.

No encontro, a alegria é plenamente exaltada. Maria eleva o Magnificat, um hino de louvor reconhecendo a grandeza de Deus que olha os humildes e pobres, derruba do trono os poderosos, socorre Israel lembrado de sua misericórdia. Maria faz memória agradecida das ações libertadoras de Deus em toda a história de seu povo. Isabel igualmente expressa sua grande alegria ecoando aquilo que se perpetuará: Maria é bendita entre todas as mulheres, bendito é o fruto de seu ventre e as gerações a chamarão de bendita.

A criança no ventre de Isabel, sob a ação do Espírito, igualmente, expressa grande alegria. Duas mulheres, dois momentos extraordinários: uma jovem, virgem, e uma avançada em idade. Deus é poderoso e faz maravilhas. Aprendemos muito para nos humanizarmos quando fazemos de todo encontro um momento especial, algo belo, divino, grandioso.

Todos vivemos na história e a construímos. Nós a narramos de maneira distinta de quem não crê. Não relatamos o fatídico, mas, aprendemos a reler a história para nela contemplar e celebrar o Deus da vida. Solidarizamo-nos uns aos outros e, assim, a multiplicação dos dons que favorecem e sustentam a vida acontece. Jesus é o Deus conosco.

Junto aos discípulos e discípulas em oração no cenáculo, Maria se mostra Um membro da comunidade cristã, da Igreja nascente, que, acolhendo a Palavra, segue fielmente a Jesus, o Senhor ressuscitado.

Com Maria, aprendemos a ser comunidade de oração e ação. Nos vários desencontros que se sucedem devido à manipulação de poucos, dos Herodes que continuam, por meio da violência, a assegurar, teimosamente, suas posições, exaltamos como e com Maria que o Senhor fez e faz maravilhas.

Não somos entregues ao sinistro e sim ao compromisso. Fazemos memória da assunção de Maria porque com o nascimento de seu filho, Jesus, a história se torna história de salvação.

A festa da assunção de Maria, a sua chegada à glória eterna, aponta o caminho para o qual somos todos destinados. A vivência do amor consolida no aqui e agora o amor divino. Cremos na vida eterna como é expressa no Credo.

Maria é bem-aventurada porque é aquela que acreditou. Bem-aventurados são,

Igualmente, todos como Maria que creem e dizem “sim” a Deus.

Com Isabel dizemos “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo. Amém”.

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