JESUS, A VERDADE QUE RUGE

Caminhar no mundo é como perambular num vale desconhecido. Foi nesse deserto que o Senhor teve piedade e nos encontrou, andarilhos gastos com uma carga insuportável no alforje. 

Com centenas de mandamentos revertidos e simplificados na formulação elegante e simples do amor a Deus e ao irmão, Jesus resolveu as coisas para nós. Era quase impossível, mas Jesus deu um jeito. 

Paulo mesmo não deixava de se maravilhar pelo modo como a profecia antiga ganhou vida em Jesus. A revelação plena do mundo esperado foi quase escandalosa, por isso Ele mesmo disse “não vos escandalizeis comigo” (Jo 16,1), porém, foi difícil não se escandalizar. 613 normas, em sua maioria proibições, não eram algo razoável. Tantas normas postas claramente entram em contradição e se anulam mutuamente, gerando o risco de recair sobre ombros humanos a responsabilidade de eleger a sua preferência. Muitas dessas leis eram excessivamente particulares, como a 348, que recomendava “salgar todos os sacrifícios”, ecoando Levítico 2,3. 

Questões éticas e morais se misturavam por toda parte, sem um fio condutor para orientar a tomada de decisão e a escolha do caminho. A revelação precisou ser acelerada para que o Reino de Deus não fosse impedido pelos incontáveis impedimentos que lhe foram postos diante. 

Não é, pois, estranho que muitas leis orientem a vida de um povo. Preceitos de todo tipo emergem no limite entre a ética, a moral, a política e o direito. Saberes se ladeiam para aprumar o caminho, mas, sem um fio condutor que os unifique, o aparato moral ou religioso vira uma mera certeza emocional de batalhas e conflitos sem fim. 

Jesus Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e sempre, é a única norma vivente, universal e concreta. Sem a angularidade da norma encarnada, o mundo se pulveriza em estilhaços de verdades, incapazes de iluminar a estrada e curar os feridos no coração. 

Com Ele no meio de nós tudo é realinhado numa direção só. Uma verdade se liga a outra sem contradição. A pessoa é posta no centro! Entre as pessoas, começa-se pelos que precisam mais, pelos mais frágeis e excluídos. A partir dessa sensibilidade exterior, chega-se também à melhora e a cura interior. 

As palavras e ações de Jesus se transmutam numa conjunção de fé. Cada detalhe de sua vida é para nós uma proposição normativa e, como Ele mesmo não escreveu nenhum código, mas testemunhou com a sua humanidade o desenvolvimento dos enunciados propostos, muitos ficaram admirados com a sua autoridade (cf. Mc 1,27). 

Foi por isso que, querendo orientar o seu jovem amigo Timóteo, então bispo, a prosseguir no caminho do Senhor, São Paulo enfatiza que na memória da Igreja apenas Jesus Cristo tem a primazia. 

Como naquele tempo, também hoje faz-se necessário aprumar os objetivos e orientar as escolhas, acolhendo a recomendação do apóstolo que ecoa pelo tempo: “Lembra-te de Jesus Cristo” (2Tm 2,8).

 

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