MAGNIFICAT

“A minha alma engrandece o Senhor, exulta meu espírito em Deus, meu Salvador! Porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita! O Poderoso fez em mim maravilhas e santo é seu nome! Seu amor para sempre se estende, sobre aqueles que o temem! Manifesta o poder de seu braço, dispersa os soberbos; derruba os poderosos de seus tronos e eleva os humildes; sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada. Acolhe Israel, seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre!” (Magnificat)

Maria cantou! Cantou porque escutou. Escutou porque fez silêncio. O canto na Igreja não é simples emissão sonora. É mergulho no Espírito Santo e expressa o amor de Deus com todo o ser. E foi nessa escuta que Deus olhou para a humildade de sua serva. No livro Mariologia, do autor José Cristo Rey García Paredes, publicado no Brasil pela Editora Ave-Maria, encontramos a excelência do Espírito Santo no canto de Maria: “A comunicação do Espírito a Maria não foi passageira, nem simplesmente funcional, pois essas não são as características do Espírito no novo eon; é preciso afirmar com Paulo que ‘os dons de Deus são irrevogáveis’ (Rm 11,29). Não é o Espírito do Novo Testamento o dom de Deus por excelência? O Espírito que fez a mãe do Filho de Deus, de Jesus, permaneceu nela como permanente força criadora, como continua fonte de maternidade e de acolhida da vocação do Pai. Sem o Espírito, Maria teria cessado de ser a Theotokos. Pela força do Espírito, Maria respondeu “fiat”, isto é, viveu um fiat incessante. Não só se transformou em mãe, também em crente, como o reconheceu, movida pelo Espírito, Isabel. Sob a força do Espírito, Maria proclamou o Magnificat, ou fez de sua vida um Magnificat existencial”.

Por isso, não se pode cantar na Igreja sem jubilus! Só canta o canto novo quem canta com júbilo! É o verdadeiro canto do coração. Cantar com impulso próprio, com sentimentalismo, com emoções narcísicas não é cantar com o coração. É um cantar com ilusão. Júbilo e barulho estão muito longe um do outro! Santo Agostinho nos ensina: “O jubilus é um tom que significa permitir que o coração gere aquilo que não conseguimos dizer. E a quem cabe esse jubilus senão ao Deus inexprimível?”. Anselm Grün nos explica de forma clara o pensamento de São João da Cruz: “João da Cruz volta a acatar o tema da jubilatio. Ele a vê como nível mais alto da união mística: as bodas espirituais e a transformação em Deus. A jubilatio é o novo cântico que a alma canta interiormente com a voz que Deus lhe dá. Ela é expressão da alegria duradoura que Deus dá à alma por meio da experiência de seu amor”.

A Igreja, movida pelo Espírito Santo, oferece a nós a Liturgia das Horas, o Ofício Divino, como escola de oração e material suficiente para cantarmos o cântico novo. O Magnificat é a escola de canto de Maria que nos ensina o silêncio, a escuta e a humildade em que o Senhor faz maravilhas!

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