Maria Santíssima: a perfeita escolhida

O evangelista Lucas narra de maneira poética o chamado de Maria para ser a mãe de Jesus (cf. Lc 1,26-38); no entanto, para quem conhece bem a trajetória de Maria, sabe que a anunciação não foi recebida sem desconforto e tensão. Ela sofreu desde aquele momento ao se entregar totalmente a Deus e dar o “sim” definitivo que mudaria a história humana. Ela acolheu o Filho no coração, nas entranhas das dúvidas, na simplicidade de um lar. Simplesmente confiou na providência que ampara e capacita.

A mulher plena da Boa-Nova tinha todos os atributos que encantaram Deus e o maior deles, a humildade consciente para servir, tinha os olhos fitos no Senhor desde uma fé coerente. O “faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1,38) foi um gesto de prontidão sem justificar a imperfeição, pois no coração da serva certamente não se passava tamanha responsabilidade para a redenção do mundo. Maria não tinha a visão ampla de que sua vida seria transfigurada. Ela aceitou e confiou.

“Seguindo o exemplo de Jesus, Maria está ao lado dos seus filhos, acompanha o seu caminho como mãe atenciosa, partilha as alegrias e esperanças, os sofrimentos e as angústias do povo de Deus, do qual todos os povos da terra são chamados a fazer parte”, disse o Papa Francisco. A vocação de Maria é ser mãe de Cristo (Theotókos) e mãe de Igreja, ser nossa mãe. Sua maternidade espiritual forma, acompanha, catequiza e ilumina os passos de quem deseja ardentemente permanecer no caminho do Mestre. “O conteúdo da vocação de Maria é, no entanto, único: é a maternidade de um bebê que será ‘grande, Filho do Altíssimo, posto sobre o trono de Davi, cujo reino não terá fim, Filho de Deus’ (Lc 1,32)” (Cardeal Ravasi).

Pelo “sim” de Maria abrem-se as portas ao novo Adão e à nova Eva, ao novo ser humano resgatado para ser sal e luz do mundo desde uma profunda intimidade com o Emanuel, Deus conosco encarnado. Tudo o que se refere a Maria é pleno e original; nada nela se esgota, mas sempre abre possibilidades como uma fonte de água a jorrar vida, por isso, na história não existiu ninguém comparado às suas virtudes. Sua humildade integral como discípula amada a glorificou como rainha do Céu e da Terra.

Se queremos viver primeiramente nossa vocação batismal com fidelidade busquemos Maria. Se desejamos ter um projeto de vida sólido com meta para a eternidade, busquemos Maria. Se desejamos fazer a vontade de Deus, escutemos Maria. Se queremos amar nossos irmãos e servi-los com gratuidade, inspiremo-nos em Maria, que socorreu a prima em suas dores. Se buscamos consolo nos sofrimentos, olhemos para as dores de Maria com esperança.

A mulher alegre que guardou o mundo no coração é a mais próxima de quem não foge das respostas diante do chamado de Deus. A solidariedade de Maria nas tomadas de decisões vocacionais nos abre os horizontes para servir, para amar e colocar Jesus no centro.

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