O BURRO E O CAPIM AZUL

Existe uma história muito interessante que nos ensina a valorizar aquilo que realmente é importante, deixando para trás o que não acrescenta à nossa vida.

Conta-se que, certa vez, um burro encontrou-se com um tigre na floresta e começou a discutir com ele sobre a cor do capim. O burro dizia “O capim é azul” e o tigre respondia “Não! É verde, seu burro!”. Assim ficaram horas sem chegar a um acordo. Então, tiveram uma ideia: “Vamos falar com nosso chefe, o leão. Ele vai dizer quem tem razão”. Diante do rei da floresta, o burro e o tigre defenderam suas opiniões. Houve um momento de silêncio e o leão disse para o burro: “Você está certo. O capim é azul. Pode ir pastar que eu vou castigar o tigre”. Depois que o burro saiu, o tigre ficou muito revoltado com o leão: “Você concordou com ele? Todo mundo na floresta sabe que o capim é verde! Agora, além de me humilhar na frente desse animal, ainda vai me dar um castigo?”. O leão, fixando os olhos no tigre, respondeu: “Você está certo. O capim é verde, mas vou lhe dar um castigo por ter perdido seu precioso tempo com esse burro. Não fique discutindo com quem acha que o capim é azul!”.

Quantas vezes ficamos brigando com as pessoas por pouca coisa, tentando fazê-las entender aquilo que, ainda, são incapazes de compreender. Falamos, gesticulamos, bravejamos e nada muda. Se para algumas pessoas o capim é azul, elas não vão aceitar que é verde.

Tudo nesta vida tem o tempo certo e a hora certa.

Mais do que palavras, conseguiremos ajudá-las praticando a mansidão e a paciência, também aproximando-as do coração de Jesus, para que façam uma profunda experiência com Ele. Sem esse encontro com a verdade que é Jesus é mais fácil viver iludido, com uma visão ofuscada da realidade. Ouvir e acolher as pessoas são gestos de muito amor e misericórdia. Devemos ser carinhosos, atenciosos com todos os que vêm ao nosso encontro. Jesus quer que sejamos como um farol em nossa vida comunitária, familiar e social. Não apenas uma luz, mas um verdadeiro farol que ilumina além do horizonte, porém, para sermos o que Ele quer que sejamos é fundamental a caridade com aqueles que acham que o capim é azul, que a grama não é verde. Paciência, sim; discussão, não! Ouvir, sim; ficar horas e horas tentando convencer alguém a pensar como a gente, não! Mesmo que estejamos certos.

O evangelista São Lucas nos conta que, certa vez, enquanto Jesus caminhava “(…) um homem lhe disse: ‘Senhor, te seguirei para onde quer que vás’. Jesus replicou-lhe: ‘As raposas têm covas e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça’. A outro disse: ‘Segue-me’. Mas ele pediu: ‘Senhor, permite-me ir primeiro enterrar meu pai’. Mas Jesus disse-lhe: ‘Deixa que os mortos enterrem seus mortos; tu, porém, vai e anuncia o Reino de Deus’. Um outro ainda lhe falou: ‘Se­nhor, te seguirei, mas permite primeiro que me despeça dos que estão em casa’. Mas Jesus disse-lhe: ‘Aquele que põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus’” (Lc 9,57-62).

O Papa Francisco, ao meditar esse Evangelho, disse: “A urgência de comunicar o Evangelho, que rompe a cadeia da morte e inaugura a vida eterna, não admite atrasos, mas requer prontidão e disponibilidade. Portanto, a Igreja é itinerante e, aqui, a Igreja é decidida, age imediatamente, no momento, sem esperar”.

Que a Virgem Maria nos ensine a caminhar com seu filho Jesus sempre para frente, sem discussões e perda de tempo argumentando qual é a cor do capim!

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