No Evangelho de Lucas, o Espírito Santo é mencionado ou destacado dezenove vezes. Essas referências incluem tanto a atuação do Espírito Santo em diversos momentos da narrativa quanto as promessas de Jesus relacionadas ao Espírito.
A presença do Espírito Santo é uma característica marcante desde o início do Evangelho e tem um papel central no cumprimento da missão de Jesus e na preparação dos seus discípulos. No anúncio a Maria sobre o nascimento de Jesus, o anjo Gabriel revela como esse acontecimento se realizará: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.” (Lc 1,35). O evangelista Mateus também reforça essa atuação divina ao afirmar que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Mt 1,20).
A presença do Espírito Santo se manifesta em momentos que antecedem o nascimento de Jesus. Isabel, ao ouvir a saudação de Maria é tomada por Ele: “Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1,41). João Batista, ainda no ventre materno, se alegra sob a ação do Espírito: “assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio” (Lc 1,44). Zacarias, igualmente fica repleto do Espírito e profetiza: “Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou…” (Lc 1,67). Posterior ao nascimento de Jesus, na apresentação ao templo: Simeão, conduzido pelo Espírito, recebe a promessa de que não morreria sem antes ver o Messias (Lc 2,25-27).
Essas referências ao Espírito são fundamentais para a construção do ministério de Jesus e para o entendimento do Evangelho segundo Lucas, destacando a centralidade da ação do Espírito na missão divina. Essas são: 1,15.35.41.42.67; 2,25.26.27; 3,16.22; 4,1.14.18; 10,21; 11,13; 12,10.12; 23,46; 24,49.
A missão de Jesus se realiza por ação do Espírito. A Boa Nova se concretiza, como se constata, na declaração de Jesus na sinagoga de Nazaré, ao ler o texto do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor” (Lc 4,18-19).
É significativo observar que a ação do Espírito Santo se manifesta de maneira especial entre os marginalizados e excluídos naquele contexto. Essa presença do Espírito junto aos excluídos é plenamente compreendida à luz dos “pobres de Javé”, “ou seja, os pobres de Deus”. aqueles a quem Deus escolhe para ser instrumentos de Seu projeto de amor. Esse é também o perfil daqueles a quem Jesus se dirige: os pobres, para quem Ele traz a boa nova do Reino de Deus. Essa missão, voltada especialmente para os pobres, os cativos e os marginalizados não pode ser ignorada.
Dessa forma, no Evangelho de Lucas, a ação do Espírito Santo tem um papel essencial na preparação da vinda de Jesus e sua missão. Diversas pessoas, ao longo da narrativa, proclamam, profetizam e louvam, sempre movidas por essa força divina.
No livro dos Atos, o Espírito Santo novamente é quem impulsionará os discípulos e a comunidade a prosseguir com a missão de difundir a Boa Nova do Reino. O Espírito Santo é mencionado cerca de cinquenta e seis vezes no livro de Atos dos Apóstolos. Ele desempenha um papel central na formação e expansão da Igreja Primitiva, guiando os apóstolos, concedendo dons espirituais e confirmando a pregação com sinais e milagres.
A ação do Espírito Santo é presente como força vivificadora. Permitir que o Espírito aja é colocar-se à disposição e assumir o compromisso de servir ao Reino de Deus.