Os Sete Santos Fundadores da Ordem dos Servos de Maria

17 DE FEVEREIRO
OS SETE SANTOS FUNDADORES
DA ORDEM DOS SERVOS DE MARIA
(1245-1310)

Estamos na Florença do século XIII, rica de cultura e de dinheiro, encruzilhada de ideias e de lutas entre as duas maiores autoridades do mundo medieval: o Papa e o imperador. Guelfos e gibelinos disputavam a supremacia política e econômica e deixavam correr sangue até nas igrejas, mas, ao lado dos ávidos do poder e do dinheiro, não faltaram homens e mulheres que praticaram uma vida evangélica como os primeiros cristãos de Jerusalém.

Não é por nada que na cidade e nos arredores, além dos conventos da ordens mendicantes, havia numerosos grupos de humildes e de penitentes, fiéis à Igreja, enquanto faziam sentir sua forte presença os patarinos e os albigenses, que não eram nada gentis com a hierarquia eclesiástica, muitas vezes comprometida com as riquezas deste mundo.

ATÉ OS COMERCIANTES PODEM FAZER MILAGRES

Os nossos sete fundadores não são conhecidos individualmente, mas pelo que realizaram como grupo. Eles eram todos leigos, alguns ainda solteiros quando começaram aquela experiência espiritual e assim permaneceram, outros eram pais de família ou viúvos. Eram comerciantes de lã, manuseavam muito dinheiro e tinham contato com comerciantes de outras cidades também; podiam se permitir certo luxo e na escala social vinham logo depois dos nobres.

Como se encontraram? Como bons cristãos, como tantos outros, desejavam a reforma da Igreja. Na cidade ainda estava muito vivo o ideal de São Francisco e de São Domingos, como se pode ler em seu Livro das origens: “Cristo, luz da humanidade, começou a resplandecer e a aquecer mais forte por meio desses dois luminares e irradiando e reaquecendo o mundo com a palavra da pregação de um (Domingos) e com o exemplo de humildade do outro (Francisco) fez retroceder o gelo da infidelidade e retornar o calor da caridade quase extinta. Então, o coração humano, como em uma primavera espiritual, começou a enternecer-se e a ceder sob a condução desses dois grandes amantes de Deus e perscrutadores dos corações. Suas ordens, estando eles ainda vivos, cresceram como árvores gigantescas e produziram flores e frutos que dissiparam todas as heresias” (Sobre a origem da Ordem dos Servos de Maria, 22).

Os setes comerciantes faziam parte do grupo dos “irmãos e das irmãs da penitência”. Eles, mesmo permanecendo cada um na sua casa e cuidando dos negócios da família, empenhavam-se particularmente nas obras de assistência aos pobres, aos doentes e na participação da vida litúrgica. Admiravam as ordens mendicantes, mas, não pensavam em entrar nelas, uma vez que muitos deles tinham famílias.

Lentamente se delineou entre eles, pelo fervor espiritual e pelo empenho social, o pequeno grupo dos sete. Esses eram, segundo a tradição mais comum, Bonfiglio, Bonagiunta, Manetto, Sostegno, Amadio, Uguccione e Aleixo. Como explicou o bispo da cidade, Ardingo, e também o célebre pregador São Pedro de Verona, ambos incentivaram os sete a seguir a inspiração que sentiam arder em seus corações.

DEIXANDO TUDO, SEGUIRAM A JESUS

Enquanto em Florença ficava mais acesa a luta entre Frederico II e o Papa, os sete, depois de terem cuidado das necessidades dos filhos, libertaram-se de seus estabelecimentos de comércio e, de acordo com suas respectivas esposas, retiraram-se para uma casa nos arredores de Florença, numa localidade chamada Cafaggio.

Também as esposas aceitaram viver o mesmo ideal, retirando-se para conventos femininos, tão numerosos e estimados na cidade, fato raro naqueles tempos. Os sete se uniram entre si com o compromisso de plena comunhão fraterna, extrema pobreza, não só pessoal, mas também coletiva, vestiram o hábito cinzento dos penitentes e continuaram no serviço aos pobres. Não havia entre eles nenhuma aspiração de se tornarem sacerdotes e pregadores.

Quando estourou a luta entre os guelfos e gibelinos, estes últimos estavam em supremacia e os sete corriam o risco de ver desfeito seu grupo religioso e de serem mandados cada um de volta para sua casa e às antiga ocupações. O bispo Ardingo lhes doou um terreno no monte Senario e eles para lá se transferiram e construíram uma pequena casa. Lá não estavam sob a jurisdição da cidade e podiam se dedicar ainda mais à contemplação, mas tinham a necessidade de um sacerdote e por isso foi ordenado Bonfiglio. Já então adquiriram a fisionomia de uma ordem religiosa e adotaram também a regra de Santo Agostinho, que os chamava de volta à vida apostólica, a famosa Apostolica vivendi forma.

Nessa altura, outros batiam à porta da pobre casa no monte Senario e, em 7 de outubro de 1251, mais dezenove irmãos se uniam ao primeiro grupo e faziam votos, nas mãos de Bonfiglio, de partilhar na mais absoluta pobreza o ideal da nova família religiosa.

COMO OS PRIMEIROS CRISTÃOS

Sua espiritualidade foi-se delineando com características sempre mais claras. Antes de tudo, o retorno à vida cristã primitiva por meio da prática da pobreza até ao heroísmo: não possuir nada nem pessoalmente, nem como comunidade. O apego à riqueza havia viciado também os homens da Igreja, provocando muitos movimentos religiosos amiúde em luta aberta contra os bispos e o Papa, até a separação da Igreja institucional considerada então como indigna. Os servos de Maria, como outras ordens religiosas, davam uma resposta diferente: não se irritavam contra aqueles que não viviam o Evangelho, mas escolhiam um estilo de vida o mais próximo possível do dos apóstolos, permanecendo no seio da Igreja.

A pobreza era vivida como meio de redescobrir o Evangelho e voltar à origem da comunidade cristã, quando esta ainda era um só coração, uma só alma e tinha tudo em comum, até mesmo os bens materiais. Mais tarde, São Filippo Benizi, geral da ordem, mesmo reafirmando o valor da pobreza evangélica deveria atenuar a rigidez de alguns pontos da regra para permitir aos seus frades atenderem melhor às necessidades do ministério. 

A segunda característica era a fraternidade. Em um mundo no qual a rivalidade entre as cidades e, mesmo na própria cidade, entre as famílias mais poderosas, semeava ódio e discórdia com consequências catastróficas, em que os pobres pagavam sempre o preço mais alto, os sete fundadores redescobriram e colocaram às claras o valor social da fraternidade humana: todos iguais, filhos de um único Pai, irmãos entre si.

A redescoberta da fraternidade cristã os levou à prática da solidariedade e por isso os servos de Maria se tornavam também servos dos mais necessitados, sobretudo dos doentes e dos pobres que recolhiam em hospitais e albergues. O exemplo dado por eles impressionava os contemporâneos, que muitas vezes recorriam a eles pedindo ajuda e amiúde chamando-os para pacificar as controvérsias e pôr fim a lutas fratricidas.

A terceira característica era a devoção a Maria. A pregação dos patarinos e dos albigenses, então muito difundida também nas regiões da Itália central, minimizava os mistérios fundamentais do cristianismo – a encarnação, a paixão e a ressurreição de Jesus, mistérios tão caros aos medievais. Por reação, não só os religiosos, mas até mesmo os leigos mais fervorosos, desenvolveram um amor todo particular à mãe de Deus, que foi testemunha fiel e coparticipante em pessoa daqueles acontecimentos da nossa salvação. Contemplava-se Maria, sobretudo, na anunciação e na paixão como o tipo do cristão que acolhe a Palavra de Deus e a põe em prática.

Os sete assumiram essa visão da figura de Maria e se chamaram por isso mesmo seus servos, decididos a seguir-lhe o exemplo até aos pés da cruz. Não se tratava de uma devoção sentimental para com a mãe de Deus, mas de tê-la diante deles como modelo de serviço a Deus e ao próximo.

UMA OBRA NASCIDA DA HARMONIA DOS SETE

Nos documentos das origens eles são reconhecidos como “os nossos progenitores” ou “os nossos pais”. Mesmo que Bonfiglio até certo momento tenha sido o elemento principal do grupo, não foi o fundador, pois a ordem nasceu de uma experiência de fraternidade que só foi possível com o consenso de todos os sete. Talvez por isso não tenha sido transmitido quase nada sobre a vida de cada um, exceto de Aleixo, que viveu até a idade de 110 anos como testemunha fiel da primeira fundamental inspiração.

A respeito dos últimos anos de sua vida há este trecho estupendo que transcrevemos: “Ele, embora com idade avançada, pela fraqueza do corpo e pelo longo tempo no qual tinha suportado na ordem ‘o peso do dia e do calor’, devesse naturalmente desejar o sossego e procurar alimentos adequados a seu estado de saúde, como vestir roupas que o esquentassem e deitar sobre colchão macio para o alívio do corpo enfraquecido, ao contrário, demonstrando nisso a sua perfeição e religiosidade, procurava todo o oposto. Jamais pedia alimentos particularmente leves, mas queria sempre comer no refeitório comum, satisfeito com o alimento da comunidade, ou, no máximo, colhendo algumas ervas da horta com que costumava fazer chá para aliviar o frio do enfermo e velho corpo sem procurar um alimento mais farto. Deixando de lado roupas mais finas, usava outras nem muito usadas nem luxuosas. O leito, pois, não só não o queria adaptar à sua enfermidade e à fraqueza do corpo, mas usava uma tábua em lugar de colchão e uma coberta áspera em vez de lençóis. Não só não evitava os trabalhos manuais, como é costume nessa idade, mas sempre se sujeitava a fazê-los. Embora vivesse com tão grande perfeição e fosse tratado com grande honra e reverência pelos irmãos como um dos primeiros sete irmãos por meio dos quais Nossa Senhora tinha querido iniciar a sua ordem, nunca se apoiava nisso para deixar de lado alguma de suas obrigações. Assim, até quando pôde, na sua vez saía para pedir esmolas, suportando o cansaço como qualquer outro irmão sadio, demonstrando o amor que nutria pelos outros e a humildade que tinha no coração. Se bem que a veneração por esses santos homens fosse viva no meio do povo desde o início, sua canonização só se deu em 1888 por obra de Leão XIII, porque nessa longa tradição seus nomes não tinham sido transmitidos com exatidão, como para recordar-nos a máxima evangélica de que o importante é que nossos nomes estejam escritos no Céu. Atualmente, depois de numerosos reconhecimentos de seus corpos, repousam em uma única urna para significar aquele único amor que os uniu em vida e que eles deixaram como herança à humanidade de todos os tempos”.

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