PANDEMIA DE COVID-19 E AS MANIFESTAÇÕES ORAIS: COMO DETECTAR? O QUE FAZER?

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Muito se tem discutido, recentemente, acerca das questões relacionadas ao novo coronavírus e suas manifestações no corpo. A boca, por sua vez, é a porta de entrada do organismo. Além de outras estruturas, ela faz parte da recepção dos agentes externos. Apesar de indevidos e prejudiciais, os seres humanos têm hábitos deletérios como roer as unhas, cortar objetos com os dentes e mastigar objetos aleatórios. Esses hábitos contribuem para a disseminação de doenças infectocontagiosas e, nesse contexto, o causador da covid-19 (do inglês coronavirus disease-19, doença do coronavírus surgida em 2019) se mostra perspicaz e perigoso.

Existem inúmeros sinais clínicos do novo coronavírus no corpo, mas neste artigo iremos nos atentar às manifestações na boca.

Além da perda de paladar, que é o sinal clínico mais frequentemente encontrado e comentado, existem lesões bucais que se mostram presentes em uma grande quantidade de casos.

A perda do paladar, apesar de ter sua origem desconhecida, parece ser transitória e relativa. A falta de sensação gustativa é um achado clínico individual: existe uma variedade grande quanto ao tempo de duração, a intensidade e a forma com que o paladar retorna ao normal. É variável, mas o prognóstico parece ser bom. Sendo assim, não exige tratamento específico. O paladar tende a voltar ao normal e não parece deixar grandes sequelas a longo prazo.

Em relação às lesões orais encontradas, podemos elencar bolhas múltiplas nos lábios, úlceras únicas e amareladas ou múltiplas e avermelhadas na língua, palato, lábio e mucosa, erosões múltiplas e irregulares na gengiva e na língua, manchas (máculas) múltiplas e avermelhadas e de diferentes tamanhos na língua, palato e lábio e placas únicas e superficiais avermelhadas no palato e brancas na língua. Já para esses casos, o tratamento é realizado pelos profissionais da saúde que estão envolvidos na linha de frente no combate ao coronavírus. Especialmente nas lesões orais, o cirurgião-dentista consegue diagnosticar e tratar as lesões. Vale lembrar que o tratamento da doença, no geral, é realizado por uma equipe multidisciplinar contando com profissionais de todas as áreas da saúde.

E como prevenir essas lesões? É possível?

Pensando nisso, vale ressaltar que muitos micro-organismos fazem parte, naturalmente, da microbiota oral. Por ser um local rico em atividade microbiana, sua higienização deve ser minuciosa. Ao realizarmos a higiene oral rotineira, conseguimos eliminar micro-organismos patogênicos dali. A higiene oral conta com o fio, a escova, o creme dental e o enxaguante bucal como auxiliar. O fio dental deve ser utilizado ao menos uma vez ao dia, especialmente antes de dormir. A escova deve ser macia, com grande quantidade de cerdas e com a cabeça pequena para alcançar os lugares mais difíceis da boca. O mais importante é lembrar que ela deve ser armazenada em local limpo e seco. Além disso, a troca das escovas deve ser feita a cada três meses ou após um quadro infeccioso. Então, se você foi infectado pelo novo coronavírus e ainda não trocou sua escova, faça isso imediatamente. O creme dental e o enxaguante possuem suas características próprias e devem ser usados como um tratamento diário. Existem os produtos para sensibilidade, controle de placa e biofilme, pós-cirúrgicos e os que tratam da gengiva. O seu dentista pode ajudar na escolha dos produtos ideias para sua saúde bucal.

Controlar a saúde bucal ajuda no combate ao vírus. Por fim, lembre-se sempre de higienizar as mãos antes e após realizar higiene bucal.

 

Referências:

  • Anvisa: Nota técnica Gvims/Ggtes/Anvisa nº 07/2020. Orientações para prevenção e vigilância epidemiológica das infecções por Sars-Cov-2 (covid-19) dentro dos serviços de saúde.
  • Amorim dos Santos, J. et al. Oral mucosal lesions in a covid-19 patient: new signs or secondary manifestations? International Journal of Infectious Diseases 97 (2020) 326–328.
  • br/saude/pt-br
Dr. Alexandre Murad

Graduado em Odontologia, especialista em Ortodontia pela Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD) em São José dos Campos, Mestre em Odontologia Restauradora pela Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho em São José dos Campos (Unesp).

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