POR UMA ESPIRITUALIDADE JOSEFINA, SEGUINDO OS SONHOS DE SÃO JOSÉ

José Antônio Vasconcelos recebeu o nome de “José” porque sua mãe era muito devota de São José. Foi coroinha quando criança, trabalhou como bancário e hoje, aposentado, atua na Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, no Brás, em São Paulo (SP). Milhões de pessoas carregam esse nome em todo o mundo: só no Brasil são quase 6 milhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Os meus pais me deram uma formação católica, mas só com o tempo fui aprendendo a admirar São José como pai de Jesus, capaz de entender e proteger Maria e seu filho”, disse José Antônio. Para ele, São José é um exemplo de pai e sua figura na Igreja representa um homem de coragem que enfrentou muitas adversidades na vida.

Liturgicamente, a Igreja recorda São José a cada 19 de março, dia em que, em muitos países, acontece também a comemoração do Dia dos Pais. O dia 1º de maio, por sua vez, é dedicado a São José Operário, artesão e carpinteiro. Além disso, ele recebeu outros títulos ao longo da história da Igreja: o Justo, Esposo Castíssimo de Maria, Patrono da Igreja, Fiel Protetor de Jesus e Maria e Patrono da Boa Morte.

3 MESES COM SÃO JOSÉ

Para difundir ainda mais a espiritualidade josefina, Padre Luís Erlin, missionário claretiano, diretor da Editora Ave-Maria, escreveu o livro 3 meses com São José: em oração pela minha família, obra que propõe um virtude de São José e imprescindível no nosso tempo é a docilidade à voz de Deus, roteiro de oração a partir das virtudes do santo.

O padre disse à reportagem que a devoção a São José sempre esteve presente em sua vida, “Porém, posso dizer que Maria eu comecei a amar desde criança, mas São José só quando entendi sua importância para a história da salvação e da Igreja. Quando comecei a escrever o livro, a devoção deu lugar a uma espiritualidade josefina”, salientou..

Após escrever 9 meses com Maria, o Padre recebeu sugestões dos próprios leitores para completar o ano e teve a ideia do livro 3 meses com São José. “Uma das grandes características do livro na vida das pessoas é a oportunidade de redescobrir o homem sagrado que é José, porque nem sempre conseguimos imaginar sua grandiosidade e tudo o que ele pode nos ensinar. Com os dois livros, as pessoas fazem a experiência de caminhar com a Sagrada Família e pedir a intercessão pela própria família”, explicou.

O livro visa a ajudar as pessoas a deixar de lado as simples práticas devocionais e começar a viver atitudes e práticas que São José viveu. “A maior mesmo em meio ao caos”, afirmou Padre Luís Erlin.

SOB O OLHAR DE SÃO JOSÉ

Fernando Geronazzo, jornalista, casado com Rejane e pai do João Paulo, 6, Guilherme, 4 e Tiago, 6 meses, começou a conhecer melhor São José quando trabalhou na secretaria da Paróquia São José do Belém, em São Paulo (SP), há pouco mais de dez anos. “Tive um contato maior com a devoção, principalmente nas épocas das festas, sem contar os testemunhos dos inúmeros devotos que ali frequentavam”, contou Fernando, que testemunha como o santo marcou grandes acontecimentos da sua vida. “Foi sob o seu olhar, na paróquia mencionada, que conheci a minha esposa, Rejane; foi onde nos casamos, batizamos os nossos filhos e onde vivemos nossa vida de fé em comunidade. São José é o pai e protetor que nos inspira e a quem nós recorremos nos momentos de necessidades, sobretudo quando precisamos tomar decisões ou discernir sobre algo”, continuou.

Fernando Geronazzo recordou ainda que, em 2014, um ano antes de se casar, tomou conhecimento de um hábito do Papa Francisco que chamou muito sua atenção: “O Papa tinha em seu quarto uma imagem de São José dormindo, quase desconhecida no Brasil, sob a qual, sempre que precisava discernir sobre algo, colocava bilhetinhos com o assunto anotado, para que São José pudesse ‘sonhar’ e obter uma resposta. Essa singela devoção ressalta que as importantes decisões tomadas por esse santo sempre foram comunicadas por Deus por meio de sonhos, por isso, queríamos muito encontrar essa imagem. Depois que nos casamos, fizemos nossa viagem de lua de mel na Itália. Nos primeiros dias, chegamos a procurar a imagem nas lojas, sem sucesso. No nosso último dia em Roma, a Rejane viu a imagem em uma vitrine e a compramos. Hoje, está em nossa sala e podemos dizer que os bilhetinhos já formaram um pequeno ‘colchão’ para que São José possa sonhar e nos inspirar a discernir diante de Deus sobre as questões da nossa família”.

A reflexão sobre a paternidade “adotiva” de São José também faz parte da espiritualidade cultivada pela família: “Ao contrário da maternidade biológica, em que naturalmente se cria um vínculo físico, psicológico e emocional entre mãe e o filho, por meio da concepção, gravidez, parto, amamentação etc. ser pai – e isso também se aplica aos pais biológicos – não é resultado de um vínculo físico natural, mas de uma escolha livre, da aceitação de uma missão, de uma tarefa parental que não é dada como certa”, disse Fernando. 

Ele recordou ainda que se a opção de assumir a paternidade não existir, o homem corre o risco de ser apenas “progenitor”, sem se tornar pai, “Por isso, penso que todos nós pais, biológicos ou não, devemos, como São José, ‘adotar’ nossos filhos, aceitar e levar a sério essa vocação. 

EXEMPLO DE FÉ

“Minha devoção começou há cinco anos na comunidade de São José, da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Salvador (BA). Esse extraordinário santo me cativou com sua história, sendo ele, pelos desígnios de Deus, esposo de Maria Santíssima e pai nutritivo de seu unigênito filho, Jesus”: a experiência de Luciano Conceição Filho, 50, professor de Filosofia, e de Patrícia Rejane, sua esposa, é diferente, pois, casados há dezesseis anos, não conseguiram, ainda, ser pais biológicos. Dessa forma, eles veem em São José um exemplo de pai e um modelo de fé a ser seguido. “Desde sempre fui católico, mas a compreensão da grandeza da vida católica e das verdades da verdadeira fé deu-se há pouco tempo, ao me aproximar de Jesus por Maria e São José. Lendo a vida dos santos, em especial o Tratado da verdadeira devoção à Virgem Maria, de São Luís Maria de Montfort, pude ver que tal devoção é o caminho mais seguro, fácil e rápido para ir a Jesus e amá-lo. Por causa do amor a Jesus por Maria pode-se amar a São José”, contou ele.

Luciano recordou que o Papa Francisco instituiu, em 2021, um ano a São José. Para ele, o Ano Josefino foi uma grande oportunidade para celebrar o 150º aniversário da declaração de São José como Padroeiro Universal da Igreja e, assim, conhece-lo e amá-lo. 

O professor vê em São José a perfeição de quem possui virtudes no mesmo grau em que as possuía Maria. “Um homem forte, em sonho ouviu a voz de Deus. Um homem justo que acolheu Maria, a mãe do Nosso Senhor. Um homem puro, pois foi o primeiro humano a pôr os olhos no rosto humano de Deus”, lembrou.

“São José é uma verdadeira inspiração para eu viver não só a minha fé, mas também a minha vida toda como filho, esposo, amigo e até como professor (operário). Em minhas orações e súplicas sempre invoco a intercessão desse maravilhoso santo preclaro São José”, continuou Luciano. 

PARTILHA DA FÉ COM SÃO JOSÉ

Cristiano Candido da Costa, 48, é fundador e administrador da Comunidade Ame Mais, conhecida como Missão Enchei-vos, que está em sete Estados brasileiros, em 29 cidades, e desempenha um processo de formação dentro de um carisma, com momentos de estudos bíblicos e encontros para casais, jovens e famílias. 

Cristiano contou que, após alguns anos de experiência, a comunidade percebeu a necessidade de realizar um retiro que fosse focado nos homens e pais de família: “Pensamos em um encontro voltado para os homens que tivesse também churrasco, futebol e peixe para que pudéssemos dialogar melhor com o universo masculino. Após o retiro, a comunidade percebeu a necessidade de que tivesse continuidade na vida cotidiana. Começamos a procurar um livro que pudesse ser de fácil leitura com o qual os homens pudessem rezar e partilhar suas experiências. Encontramos no livro 3 meses com São José uma forma de manter os grupos em contato e fortalecer a espiritualidade”.

As pessoas, individualmente, rezam durante a semana e se encontram a cada oito dias para partilhar experiências. “Muitos homens relatam quanto descobriram coisas novas sobre São José e o exemplo dele como homem e pai”, continuou Cristiano, que relatou, ainda, o fato de muitos homens desejarem realizar a consagração da própria vida a São José, o que fortalece muito a espiritualidade de cada um deles.

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