SÃO BASÍLIO, BISPO, PADRE E DOUTOR DA IGREJA

2 DE JANEIRO
(330-379)

Na diagramação, para deixar no padrão normal, se precisar de mais conteúdo, me informe.

“Perdi um belo pedaço de tempo indo atrás das vaidades; gastei toda a minha juventude com ocupações inúteis, enquanto me voltava totalmente para o aprendizado das doutrinas próprias de uma sabedoria que Deus tinha definido como insensatez. Depois de um belo dia, tive a impressão de ter despertado de um sono profundo. Assim que volvi meus olhos para a maravilhosa verdade evangélica, compreendi a inutilidade da sabedoria dos mestres deste mundo, feita de nada. Lamento agora amargamente minha vida miserável e fiz uma prece: pedi que me fosse mostrado o caminho que me fizesse chegar à vida interior”, afirma o Santo. 

É dessa forma que Basílio conta sua conversão. Quando, aos 26 anos, decidiu receber o Batismo, do seu passado de negativo havia bem pouco, talvez um pouco apegado ao estudo. Por outro lado, vinha de uma família afortunada, rica de valores humanos da cultura e da riqueza bem administrada e de uma genuína fé cristã.

Os avós gozavam da auréola do martírio, pois, durante a perseguição do imperador romano Maximino, durante sete anos tiveram que ficar escondidos nos montes, no meio do mato, vivendo de caça e correndo o risco de perder a propriedade rural. Os pais, Basílio e Emmelia, tinham o mesmo temperamento e a comunidade cristã de Cesareia colocou-os entre os seus santos. A irmã mais velha, Macrina, era virgem consagrada e chefiava uma comunidade de companheiras num mosteiro construído em uma propriedade paterna, tinha uma grande ascendência também sobre o próprio Basílio por sua santidade. Os outros dois irmãos não ficavam atrás: Gregório, bispo de Nissa, brilhava pela sabedoria e Pedro, bispo de Sebaste, cumpria, com honra, seu trabalho.

DESDE CRIANÇA, DEDICADO AOS ESTUDOS

Basílio nasceu em Cesareia, na Capadócia, em 329 ou 330. Ainda em tenra idade, devendo seu pai transferir-se para Ponto, foi entregue à avó paterna, que se chamava Macrina, como sua irmã. A avó era uma mulher nobre e cristã considerada de peso; foi discípula de São Gregório, o Taumaturgo, e soube instilar no coração do pequeno Basílio toda a riqueza do Evangelho não como uma norma para ser observada, mas, como um compromisso de vida. Dela, o santo doutor conservou sempre uma lembrança cheia de afeto e admiração.

Basílio ficou órfão de pai quando tinha 13 ou 14 anos, mas, pela convivência numa família numerosa, esse fato não influiu negativamente sobre sua pessoa. Continuou os estudos primeiro em Cesareia, depois em Constantinopla e, finalmente, em Tenas. Aí o esperava Gregório, amigo de coração desde os tempos de estudos em Cesareia.

Os dois amigos porfiavam na busca da verdadeira sabedoria e despertavam admiração dos companheiros. Por fim, fundaram um círculo de amigos com as mesmas intenções: deixar-se guiar não pelos interesses materiais passageiros, mas, pelos valores superiores, como haviam feito os sábios da Antiguidade e como faziam então os ascetas do deserto. Tiveram contatos também com o futuro imperador Juliano, que depois se tornou o apóstata. Segundo o testemunho de Gregório, desde então como estudante não era boa “peça” e, embora demonstrasse estima pelos dois capadócios, não lhes seguia absolutamente o exemplo.

Depois de cinco anos de estudos na capital da sabedoria grega, Basílio retornou à sua pátria, escutando o chamado da irmã Macrina e de Eustázio, bispo de Sebaste. Macrina lhe fazia compreender que já era hora de ser batizado e de deixar de lado a vaidade da ciência humana para se dedicar somente a Deus, da mesma forma que ela já havia feito há muito tempo; Eustázio o convidava a ajudá-lo a implantar a vida monástica na sua região.

UMA VIAGEM, UMA LUZ

Nesse período, duas realidades amadureceram no coração e na mente de Basílio, que tinha uma grande admiração pela vida dos monges. Assim ele se apressava na carta endereçada ao amigo Gregório: “Admirei a dureza da vida deles, a constância que têm na ascese… Como se vivessem numa carne não própria, por seu modo de compreender o que significa ser peregrino nesta vida e ter a própria cidadania no Céu. Fiquei muito admirado e compreendi que a vida deles estava no Paraíso, pois demonstravam com o próprio comportamento que traziam no próprio corpo a morte de Jesus. Então comecei a orar como um louco para ter a graça de me tornar como um deles”. E se tornou monge.

Percebia, porém, uma coisa: se, de um lado, os ascetas do deserto demonstravam claramente a radicalidade do amor a Deus, não tinham contemporaneamente a possibilidade de vivê-la no amor ao próximo, isolados uns dos outros, até mesmo quando estavam fisicamente vizinhos. Ao contrário, a experiência que ele havia feito com Gregório, quando este o recebeu na sua ermida às margens do Íris, era bem diferente e mais profunda. Certo Gregório presbítero deixou escrito que Basílio e Gregório, “tendo cursado juntos os estudos humanísticos e permanecido separados por pouco tempo um do outro, correram novamente um para perto do outro… Dessa forma se cumpriam neles aquelas palavras: ‘Onde estão dois ou três reunidos em meu nome, eu estou no meio deles’ [Mt 18,20]. Ainda mais, permanecendo ali juntos, cresciam na virtude estimulando-se um ao outro e elaboravam as leis da vida monástica para homens religiosos e consagrados a Deus retirados do mundo”. Não havia dito Jesus que os dois mandamentos, o amor a Deus e ao próximo, são inseparáveis?

Se os monges, além disso, quisessem viver como vivia a primeira comunidade de Jerusalém, deviam ir ao encontro também das necessidades das igrejas locais, oferecendo não só as orações e os exemplos, mas, dedicando-se também à instrução e às obras de caridade. Desse modo, os valores evangélicos da vida ascética podiam ser vividos também pelo clero e pelos leigos, segundo a vocação de cada um.

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