EM NAZARÉ, NA ESCOLA DE JOSÉ, JESUS APRENDEU A FAZER A VONTADE DO PAI
Na Carta Apostólica Patris Corde, Papa Francisco nos recorda a palavra de Paulo na Epístola aos Filipenses a respeito de Jesus: “Obediente até à morte (…) de cruz” (Fl 2,8). Esta palavra faz eco àquela que se ouve em Hebreus: “Ele aprendeu a obediência (…)” (Hb 5,8)
O tema da obediência é desafiador, pois hoje, no Ocidente, a ideia de obediência é muito fragilizada e questionada, talvez pelo mau uso que se fez do princípio ao longo do tempo. Do ponto de vista das virtudes que vêm de Deus, a obediência é um dom e uma resposta de liberdade. Note-se que obediência não é imposição cruel e cínica, mas proposta a ser aceita livremente. Quando isso se dá, a obediência passa a ser a resposta que gera possibilidades, criações, transformações e superações impressionantes!
Maria respondeu livremente à vontade Deus ao dizer seu “sim!” e isso gerou Jesus. Papa Francisco afirma que José também deu o seu “sim!” com Maria e a ação de Deus pôde acontecer.
Francisco inicia a Carta Apostólica Patris Corde apresentando os argumentos sobre a obediência de José no Evangelho segundo Mateus. Nele, José passa por quatro revelações interiores, em sonhos. No primeiro sonho, José tem a confirmação de que Maria está grávida e seu filho é o Emanuel, o Deus conosco. José, a princípio, teria desejado “deixar Maria”. Melhor seria a tradução “desligar Maria” de seus compromissos com ele, mas o sonho muda tudo (cf. Mt 1,20-21). E José disse “sim!”, obedecendo.
No segundo sonho, José deve fugir para o Egito, buscando salvar o Menino e sua mãe da maldade de Herodes (cf. Mt 2,13). Nesse país, José deve viver com confiança e paciência, esperando o momento do retorno. No terceiro, ele deve retornar para a terra de Israel (cf. Mt 2,21), mas na Judeia reina o tirano Arquelau. Vem o quarto sonho, quando José vai para a Galileia, para Nazaré (cf. Mt 2,22-23). Nisso tudo, ele obedeceu à vontade de Deus, disse o seu “sim!” e fez a história acontecer. Não se restringiu à sua própria vontade, desejos, fantasias. É certo que, no momento dos fatos, isso pôde não ter sido prazeroso para José e sua família, mas foi decisivo para a vida de todos e para o evento da encarnação.
No Evangelho segundo Lucas, Papa Francisco vê José sendo obediente à ordem civil: vai para o recenseamento (cf. Lc 2,1-7). Depois do nascimento de Jesus, José e Maria o apresentam para a circuncisão e fazem o resgate, seguindo os costumes judaicos (cf. Lc 2,21-24). Na casa de Nazaré, José fez o papel de chefe de família, de uma família extraordinária. Embora fosse o menor entre os três, ele assumiu a responsabilidade sobre todos, sendo o guardião do Redentor, como Maria foi a mãe do Redentor.
Papa Francisco afirma, citando João Paulo II na Exortação Apostólica Redemptoris Custos, que trata da figura e missão de São José na vida de Cristo e da Igreja: “José foi chamado por Deus para servir diretamente a pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da redenção, quando chega à plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da salvação”.
“Ministro da Salvação” é um título especial, próprio de José, partilhado apenas com Maria. Nesse “ministério” sua pessoa e missão foram decisivos e definidores da personalidade humana de Jesus. Na paternidade exercida por José sobre Jesus, ele pôde compreender que o dom de Deus é transformador, salvador.
São José, rogai por nós!