SÃO NICOLAU E A CARIDADE CRISTÃ

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São Nicolau de Mira, ou de Bari, foi um santo bispo que viveu na atual Turquia, em Patara, no século III d.C. Antes mesmo de ser bispo, Nicolau já era um bom cristão, um cristão caridoso. Filho de pais católicos, muito devotos, ficou órfão ainda jovem e foi educado por seu tio.

Nicolau herdou uma fortuna de seus pais e, inspirado na passagem evangélica do jovem rico (cf. Mt 19,16-30), usava esse dinheiro para fazer bem aos pobres. Logo cedo, começou a seguir o caminho de consagração a Deus, dedicando-se ao estudo das Sagradas Escrituras e conhecendo os lugares santos onde Jesus vivera.

Nicolau foi bispo no período do império de Diocleciano, tendo sido exilado e preso. Retornando à sua terra natal, em Mira, foi eleito bispo e ficou famoso por vários milagres, sendo posteriormente, inclusive, chamado de São Nicolau, o Taumaturgo. Participou do Concílio de Niceia e faleceu em Mira no ano de 343 d.C.

O característico de sua figura era uma grande caridade para com os pobres e os mais necessitados, de modo que, precisamente por sua caridade manifesta nas esmolas e nos presentes secretos dados aos pobres, deu origem à lenda do Papai Noel – um velhinho vestido de vermelho que deixa presentes secretos para as crianças. Na origem da tradição dessa lenda está a realidade de um bispo de paramentos vermelhos que levava presentes aos pobres e às crianças.

Há uma história famosa que narra a lenda segundo a qual Nicolau ajudou um pobre homem a casar as suas três filhas. O homem não tinha dinheiro para pagar os dotes para casá-las e, num momento de insanidade, resolveu prostituí-las, já que não havia meios de sustentá-las. Nicolau, ainda leigo, sabendo dessa situação, começou a jogar sacolas de dinheiro pela janela da casa do homem a fim de que ele tivesse o dote para casar as suas filhas e, assim, livrá-las da prostituição. O santo bispo realizou isso três vezes. A cada vez que lançava o dinheiro enrolado num pano janela adentro, corria para não ser visto, mas, na terceira vez, o pai das moças saiu rapidamente e avistou Nicolau pela janela. O santo, no entanto, pediu-lhe que não contasse nada a ninguém.

Esse gesto de caridade de dinheiro que chega pela janela ajudou a alimentar a figura do Papai Noel que vem perto do Natal trazer presentes para as pessoas. Em vez da janela, nos países nórdicos a narrativa usou a realidade das chaminés presentes nas casas para dar tons pitorescos à história. Nos Países Baixos, a festa de inverno dedicada a São Nicolau – chamado de Sinterklaas (que se tornou Santa Claus nos países de língua inglesa) – é marcada pela expectativa de presentes vindos de maneira secreta nas meias ou sapatos próximos à lareira.

Infelizmente, essa tradição da vida de São Nicolau e da lenda do Papai Noel tem dado base para ideologias consumistas.

Somos chamados, entretanto, a voltar a nossa atenção para a realidade cristã que está no fundamento de tal tradição: a caridade aos pobres como algo característico da vida cristã.

Preparemos, neste tempo do advento, a vinda do Senhor Jesus. Essa é precisamente a atenção deste tempo litúrgico: o Cristo vem e nos visita cotidianamente. Precisamos estar preparados. O verdadeiro presente do Natal é o Cristo que vem para viver entre nós, para ser Deus conosco.

Pe. Thales Maciel Pereira

Doutorando em Teologia Sistemático-pastoral pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Pela mesma instituição é mestre em Teologia e cursa especialização em Filosofia Antiga.

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