SOLENIDADE DA DIVINA MATERNIDADE DE MARIA

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Ao iniciar o novo ano, no primeiro dia a liturgia celebra Maria como Santa Mãe de Deus, pois ela deu à luz Jesus, o Salvador. Jesus, com sua vida, morte e ressurreição, venceu o mal em sua raiz. A Solenidade da Divina Maternidade de Maria, Theotókos, traz em si o grande anúncio que é para toda a humanidade: “Hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11). É motivo de jubilo. Toda a história está sob o senhorio de Jesus Cristo.

A grande alegria é o nascimento de uma criança. É a afirmação de que Deus se fez carne por obra do Espírito Santo. Nesse acontecimento, “os pastores foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura” (Lc 2,16). Na divina maternidade de Maria, Jesus, sem deixar de ser divino, assume a condição humana. A plenitude da bênção de Deus alcança toda a humanidade. Ao nascer, une-se a toda ela. Assim como os pastores, todos são chamados a ir ao encontro do Senhor, ou seja, humanizar-se no amor. Em cada ato de amor, a pessoa se faz mais humana a exemplo de Jesus e coloca em prática o seu mandamento: “Amai-vos como eu vos amei” (Jo 13,32).

Em Cristo, a plenitude da revelação do que é ser verdadeiramente humano. A Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, no número 22, assim expressa: “Na realidade, o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado (…). Cristo manifesta plenamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sua altíssima vocação”.

Em seu encontro com a criança, os pastores louvam e glorificam a Deus: “Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito” (Lc 2,20). A alegria que sentem torna-se a característica cristã. 

O Papa Francisco, ao escrever a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, convida e encoraja todos os cristãos a viver essa mesma experiência quando nos diz “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (1).

O sinal dado aos pastores para o reconhecimento do Salvador é que Ele está “deitado na manjedoura”. É bastante significativo, pois a manjedoura é o lugar onde o alimento é oferecido. Na Eucaristia, Jesus se faz alimento, entregando sua vida para que todos tenham vida em abundância (cf. Jo 10,10).

Na celebração da Eucaristia, realiza-se o encontro com Jesus, o Deus Salvador, que nos alimenta com a sua Palavra e com o seu corpo e sangue e nos envia em missão para que a mesa da vida seja para todos sem discriminação ou desigualdade em tudo aquilo que compõe a vida. 

A criança, ao ser apresentada, recebe um nome: “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no seio materno” (Lc 2,21). Em hebraico, significa “Deus salva”. Deus salva, libertando a todos de toda escravidão.

No grande evento, Maria “conservava todas essas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19). Maria, a mãe do Filho de Deus, aponta a nós o caminho para todos os que desejam fazer um encontro pleno com seu filho, Jesus, que traz consigo a salvação para toda a humanidade. 

O grande anúncio que se dá na noite de Natal deve preencher de sentido todos os demais dias do ano: “Nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor” (Lc 2,11), chama-nos à fraternidade, pois em Jesus somos todos irmãos e irmãs, ao empenho na construção de uma história em que a justiça seja o elo forte, o amor seja a verdade absoluta a solidificar as relações e a vida seja plena para todos. Uma terra sem males.

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