A automedicação é uma prática caracterizada fundamentalmente pela iniciativa de um doente, ou de seu responsável, em utilizar um medicamento sem prescrição médica para tratamento de alguma doença ou alívio de sintomas. Muitas vezes, a correta orientação médica é substituída inadvertidamente por sugestões entre familiares, amigos ou até por conta própria. Além disso, utilizar medicamentos prescritos para tratamento pontual de forma contínua também se caracteriza como forma de automedicação. Nesse sentido é importante salientar que nessa prática muitas vezes os riscos superam os benefícios.
Os medicamentos são a principal causa de intoxicação no Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas (Sinitox) da Fundação Oswaldo Cruz, ficando à frente de produtos de limpeza, agrotóxicos e alimentos danificados.
Além do impacto sobre a vida humana, as reações adversas a medicamentos também influenciam significativamente os custos despendidos com saúde. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), os hospitais gastam entre 15% e 20% de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pela automedicação, caracterizando um problema de saúde pública.
De forma generalizada, os principais riscos da automedicação são:
- Atraso no diagnóstico correto devido ao mascaramento dos sintomas;
- Agravamento do distúrbio;
- Alguns medicamentos podem provocar dependência;
- Possibilidade da ocorrência de efeitos adversos que são indesejados e podem ser graves;
- Desconhecimento de interações medicamentosas, uma vez que um medicamento pode anular ou potencializar o efeito de outro;
- Reações alérgicas que podem variar de leves a moderadas e graves;
- Criar resistência a micro-organismos, como no caso dos antibióticos;
- Intoxicações, que podem inclusive ser letais.
Os medicamentos mais utilizados na automedicação são os anti-inflamatórios e analgésicos, para alívio dos sintomas de dor e febre. Como qualquer outro medicamento, no entanto, deve-se atentar aos riscos. Febre alta, dores musculares, dor nos olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas pelo corpo podem ser confundidas com uma gripe forte, mas também são sintomas de arboviroses como dengue, zika e chikungunya.
Nas doenças respiratórias também ocorrem altos índices de automedicação, especialmente com a chegada do inverno. A estação mais fria do ano caracteriza-se por baixa umidade, resfriamento do ar, proliferação de vírus e, consequentemente, um perigoso aumento de automedicação. Antitérmicos, analgésicos, anti-inflamatórios e descongestionantes nasais são alguns dos principais medicamentos utilizados sem prescrições médicas nesses casos, porém, há uma série de riscos envolvidos, a saber:
- O uso indiscriminado de analgésicos e anti-inflamatórios pode agravar problemas gástricos, ter ação anticoagulante, provocar hemorragias, prejudicar pacientes com problemas cardíacos ou renais e agravar a hipertensão;
- Pacientes com reações alérgicas, ao usar antitérmicos, podem sofrer edemas (inchaço) da glote, impedindo a passagem de ar para os pulmões, e coceira;
- Descongestionantes nasais, quando usados constantemente, podem causar taquicardia, elevação da pressão arterial, dependência e rinite medicamentosa.
Há riscos também nas doenças respiratórias crônicas, como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e a asma. O manejo inadequado dessas doenças acarreta prejuízos à qualidade de vida dos pacientes e produz custos evitáveis para o sistema de saúde.
Fonte: Secretaria de Saúde de Minas Gerais