No ano de 1942, o Papa Clemente XIV oficializou o uso da medalha como um instrumento de devoção, reafirmando seu valor como um símbolo de fé e não como um amuleto de sorte.
São Bento é conhecido por realizar milagres e resistir às tentações. Utilizava o sinal da cruz como uma forma de proteção e afirmação de sua fé em Jesus. Um episódio notável é o da quebra de um cálice envenenado ao fazer o sinal da cruz sobre ele. São Bento recomendava o uso desse sinal a todos que enfrentassem aflições ou tentações malignas. Além disso, uma cruz era o selo utilizado pelos monges em suas cartas de profissão quando não sabiam escrever. Por essa razão é comum representá-lo segurando uma cruz.
A medalha de São Bento surgiu pouco depois de sua morte, no ano 547. Ela foi criada por monges beneditinos, discípulos e seguidores de São Bento, fundador da 0rdem religiosa com mais de 1.500 anos de história. A medalha é inteiramente inspirada na vida, obra e oração desse grande santo. Ela é considerada um verdadeiro sacramental, um sinal visível e tangível de nossa fé e da presença de Deus. Importante destacar que não se trata de um amuleto ou objeto com poderes mágicos, mas, de um símbolo maravilhoso de uma espiritualidade profunda que nos direciona para o bem, para Deus e para a proteção contra os ataques do maligno, tanto no âmbito material quanto no espiritual.
Ao compreendermos todo o simbolismo presente na medalha de São Bento passamos a atribuir um significado profundo ao seu uso como objeto de devoção em nossa vida. Os símbolos contidos nela nos auxiliam na oração, no contato com Deus por meio da intercessão de São Bento.
As letras encontradas dentro de quatro círculos são as iniciais de uma frase em latim, “Crux Sancti Patris Benedicti”, que significa “Cruz do Santo Pai Bento”. São Bento é considerado pai no sentido espiritual, sendo pai de uma geração de seguidores de Cristo. Seus filhos podem buscar sua proteção e intercessão.
A oração “A cruz sagrada seja a minha luz. Não seja o dragão o meu guia. Retira-te, satanás. Nunca me aconselhes coisas vãs. É mau o que tu me ofereces. Bebe tu mesmo o teu veneno” está presente ao redor da medalha. Está talhada em toda a medalha, com as iniciais de cada palavra da oração em latim.
A compreensão dos símbolos da medalha de São Bento pode gerar no devoto que a usa com fé e piedade um impulso no coração para uma vida de maior intimidade com Deus e ainda mais: o desejo de seguir o testemunho de vida de São Bento e tê-lo como modelo de santidade a ser seguido.
Segundo Collart Cristiano (2011), na primeira frase da regra de São Bento, o santo diz “Escuta, filho”; dessa forma, São Bento convida os monges a uma vida de profunda escuta a Deus, a ouvi-lo no silêncio, na solidão, na intimidade, portanto, se a medalha é fruto da sua vida, sendo um sacramental a ser usado como instrumento de devoção, nada mais justo do que “ouvirmos” suas palavras no uso dela. É como se ele sussurrasse aos nossos ouvidos: “Escuta filho! Que a cruz sagrada, a cruz de Cristo seja a tua luz, seja a luz que te ilumina e expulse as trevas da tua alma. Olha para a Cruz de Cristo – sinal de salvação –, agarra-te a ela, põe aos pés da cruz as tuas dores, as tuas lutas – e o inimigo fugirá de ti. Não seja o dragão o teu guia! Foge dele filho, foge do demônio! Renuncia ao pecado, renuncia às obras das trevas, renuncia a tudo que ele (Satanás) te oferece. Se assim procederes, serás inteiramente do Senhor, serás feliz!”.
Apeguemo-nos à medalha como um grande sacramental que nos livra das potências infernais. Isso ocorre não porque a medalha tem poder por si só, mas tão somente pelo compromisso de quem a usa em levar uma vida santa, a exemplo de São Bento.
Deus abençoe!