A missionariedade na catequese, testemunho e serviço

É sempre bom recordar as palavras de Jesus quando, reunindo os seus apóstolos, apresentou suas últimas instruções antes de sua ascensão. O encontro foi de orientação e de motivação para o grupo que foi enviado em mandou-os em missão de fazer novos discípulos: “Naquele tempo, os onze discípulos foram para a Galileia, ao monte que Jesus lhes tinha indicado. Quando viram Jesus, prostraram-se diante dele. Ainda assim alguns duvidaram. Então Jesus aproximou-se e falou: ‘Toda a autoridade me foi dada no Céu e sobre a Terra. Portanto, ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei! Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo” (Mt 28,16-20).

Três aspectos que iluminam a nossa reflexão sobre o mandato de Jesus a seguir: 

  • A obediência dos discípulos – eles obedecem ao pedido do Senhor;
  • A contemplação dos discípulos – contemplam e adoram Cristo;
  • O envio dos discípulos – eles são enviados em missão. 

Temos, então, um itinerário de vida de fé: obediência, contemplação e missão.

Podemos conferir o contraste entre as expectativas dos apóstolos e a missão que Jesus se propunha a assumir. Ele chamava sua comunidade para uma missão além-fronteiras, motivando-os a abandonar a zona de conforto e as expectativas anteriores. 

Sair da própria terra é sempre um desafio. As palavras de Jesus remetem ao chamado de Abraão: “O Senhor disse a Abrão: ‘Sai da tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu vou te mostrar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei: engrandecerei o teu nome, de modo que ele se torne uma bênção’” (Gn 12,1-3). Observe-se: sair da sua terra; sair da casa da família; sair para um lugar desconhecido, uma terra prometida; ser pai da fé; pai de uma grande nação.

Gerar novos filhos para Deus e levá-los para uma rica experiência de fé é o mesmo que fazer novos discípulos como pede Jesus.

A comunidade dos discípulos é revestida de motivação:Eis que eu estarei convosco todos os dias” (Mt 28,20) – motivação para uma missão que se fortalece quando se alimenta de fé, de confiança e de esperança. Observe-se: fé para reconhecer o seu chamado, escutar a sua voz; confiança para aceitar e se entregar em suas mãos; esperança para trilhar o caminho do seguimento; ir para onde Ele nos levar.

O que essa passagem do Evangelho traz de inspiração para a catequese hoje? A catequese tem uma árdua e encantadora missão: introduzir, com profundidade, a Palavra de Deus no processo de iniciação à vida cristã. 

No caminho do discipulado, catequético e missionário, é necessário que exista um progressivo envolvimento com a Sagrada Escritura, a Palavra de Deus: “A missão de iniciar na fé coube, na Igreja antiga, à liturgia e à catequese” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Documento 107, 70). 

Catequese é “um processo dinâmico e abrangente de educação da fé, um itinerário, e não apenas uma instrução” (Catequese renovada, 281); processo que leva ao acolhimento da Palavra de Deus e da Pessoa de Jesus Cristo; acolhimento da verdade de fé: a Palavra se fez carne e veio habitar entre nós (cf. Jo 1,14).

UMA VERDADE QUE PRECISA SER TRANSMITIDA COM COMPETÊNCIA

O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica Antiquum Ministerium sob forma de motu próprio, diz: “Toda a história da evangelização destes dois milênios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos catequistas. Bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano. Além disso, alguns reuniram à sua volta outros irmãos e irmãs, que, partilhando o mesmo carisma, constituíram ordens religiosas totalmente dedicadas ao serviço da catequese. Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequético. Homens e mulheres, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida” (3).

Ele vai indicar que a missão da catequese é uma ação evangelizadora; é insubstituível; é missão própria do Bispo e dos outros sujeitos a serviço da catequese: presbíteros, diáconos, religiosos(as), famílias, catequistas, leigos(as) que estão presentes no mundo; é uma missão salvadora da Igreja para o mundo. 

Queridos catequistas, é importante reconhecer a incansável participação de vocês, anunciando o Evangelho de Cristo com competência, criatividade e dedicação.

É missão da catequese:

  • conduzir as pessoas na adesão a Jesus Cristo, introduzindo-as nos sacramentos da iniciação cristã: Batismo, Confirmação e Eucaristia; 
  • educar para a escuta da Palavra e para a oração pessoal, “mediante a leitura orante, evidenciando uma estreita relação entre Bíblia, catequese e liturgia” (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Documento 107, 66);
  • permanecer na centralidade do querigma (primeiro anúncio das verdades da fé) para o amadurecimento e para a maturidade da fé;
  • favorecer, no seguimento de Jesus, uma experiência mistagógica (pedagogia do mistério) para progredir no conhecimento e na vivência do mistério pascal.

Lembremo-nos sempre do que disse Jesus: “Asseguro-vos que quem ouve a minha Palavra e crê em quem me enviou, tem vida eterna” (Jo 5,24). Hoje, desafia-nos a urgência de construirmos comunidades eclesiais missionárias, comprometidas com o anúncio da Palavra de Deus, nas diferentes realidades da vida.

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