Lúpus: a borboleta e o lobo

Certa vez, na Idade Média, constatou-se uma doença que causava um eritema macular (uma mancha vermelha, leigamente falando) na face, o qual se assemelhava ao focinho de um lobo (lupus, em latim).

Posteriormente, com o avanço tecnológico e científico da Medicina, mais precisamente no século XIX, passou-se a chamar esse sinal clínico de sinal da asa de borboleta. Tal achado tornou-se um dos principais indicadores do lúpus eritematoso sistêmico (LES), uma doença desafiadora e complexa que continua a ser amplamente estudada até os dias de hoje.

O que essa doença tem de tão relevante na nossa atualidade? Vejamos: estima-se que cerca de dois em cada mil brasileiros convivam com o lúpus, sendo a doença cerca de nove vezes mais frequente em mulheres, especialmente em idade fértil. A literatura médica já elucidou que o lúpus é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico do próprio organismo ataca órgãos e sistemas como se fossem invasores, tal como faria com um vírus ou bactéria. Essa autoagressão pode comprometer diversos sistemas, incluindo os rins, a pele, as articulações, o sistema nervoso e tantos outros. Sem o manejo adequado, as consequências podem ser graves, reduzindo drasticamente a qualidade e a expectativa de vida dos pacientes.

A boa notícia é que, graças aos avanços terapêuticos, como o uso de imunossupressores, mais de 90% dos pacientes com lúpus têm hoje uma expectativa de vida maior que dez anos após o diagnóstico. Esses tratamentos, aliados ao diagnóstico precoce e à adesão ao acompanhamento médico, são fundamentais para proporcionar uma vida mais longa e com qualidade.

Assim, a borboleta que marca o rosto de quem convive com o lúpus é também um símbolo de resiliência, representando a luta constante para que se busque sempre mais leveza e cor às vidas desses pacientes.

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