A experiência dos apóstolos com Jesus e a esperança com que foram animados os levou à missão em todo o mundo, a fim de testemunhar o que viveram com o Mestre. Pentecostes foi um marco: a partir desse acontecimento, o Espírito Santo conferiu-lhes a capacidade de avançar sem medo e anunciaram com autoridade e amor. Como o exemplo dos primeiros discípulos inspira a missão evangelizadora da Igreja hoje?
É na ação testemunhal dos apóstolos, meus irmãos, que a Igreja se inspira para manter a sua missão evangelizadora atualmente. A vinda do Espírito Santo fez dos apóstolos testemunhas e profetas (cf. At 1,8; 2,17-18). Eles experimentaram a realização da promessa de Jesus: “Quando vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai o Espírito da verdade que procede do Pai, Ele dará testemunho de mim. E também vos dareis testemunho de mim, porque estais comigo desde o princípio” (Jo 15,26s).
Os apóstolos são as testemunhas diretas, oculares, “ouviram” e “viram com os próprios olhos”, “contemplaram”, e até mesmo “tocaram com as próprias mãos” a Cristo (cf. 1Jo 1,1-3; 4,14). Esse testemunho humano, “ocular e histórico” a respeito de Cristo, andará unido ao testemunho do Espírito Santo. Jesus mesmo disse “Ele dará testemunho de mim”, como explicou o saudoso Papa João Paulo II, que conclui: “É no testemunho do Espírito da verdade que o testemunho humano dos apóstolos encontrará o seu mais forte sustentáculo e, em seguida, encontrará nele também o recôndito fundamento interior da sua continuação entre as gerações dos discípulos e dos confessores de Cristo, que se irão sucedendo ao longo dos séculos. [É no testemunho dos Apóstolos que Jesus tem sua] “expressão humana, visível na Igreja e na história da humanidade” (Dominum et Vivificantem, 5).
A Igreja, seguindo o testemunho dos apóstolos, “(…) leva a cabo sua missão como sacramento universal de salvação na martyria, leiturgia e diakonia (…). A Igreja é chamada a dar testemunho de Cristo crucificado e ressuscitado ‘até as extremidades da terra’ (At 1,8)” (Comissão Teológica Internacional, 1997, 64-65). Essa característica testemunhal é própria do evangelista Lucas, afirma a Encíclica Redemptoris Missio: “Em Lucas, a missão é apresentada como um testemunho (cf. Lc 24,48; At 1,8), principalmente da ressurreição (At 1,22)” (23).
Qual é o principal testemunho dado pelos apóstolos em sua atividade missionária? A vida de santidade deles é um extraordinário testemunho que dá força e eficácia em sua missão evangelizadora por todo o mundo. A Igreja tem no exemplo de vida de santidade de Jesus e dos apóstolos o princípio e objetivo da sua própria missão; nesse sentido, a Igreja exorta: “Todos na Igreja, quer pertençam à hierarquia, quer por ela sejam pastoreados, são chamados à santidade, segundo a palavra do apóstolo: ‘Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação’ (1Ts 4,3; cf. Ef. 1,4). Essa santidade da Igreja incessantemente se manifesta, e deve manifestar-se, nos frutos da graça que o Espírito Santo produz nos fiéis; exprime-se de muitas maneiras em cada um daqueles que, no seu estado de vida, tendem à perfeição da caridade (Constituição Dogmática Lumen Gentium, 39).
A santidade é possível hoje. A principal missão do Espírito Santo é nos fazer santos. Muitos pensam que não podem almejar e alcançar tal meta, mas a santificação é possível em todos os estados de vida, em todas as tarefas, circunstâncias ou condições de vida, desde que a pessoa se abra à ação do Espírito Santo e persiga o alvo rumo à Pátria celeste. Um ponto importante a ser destacado é que da santidade do missionário depende a eficácia da missão, pois: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então, se escutam os mestres, é porque eles são testemunhas (…). Será, pois, pelo seu comportamento, pela sua vida, que a Igreja há de, antes de mais nada, evangelizar este mundo; ou seja, pelo seu testemunho vivido com fidelidade ao Senhor Jesus” afirmou o Papa Paulo VI (Evangelii Nuntiandi, 41).
São Carlo Acutis é o primeiro santo da geração millennial. Ele é modelo de santidade para os jovens, morreu aos 15 anos e foi canonizado em 7 de setembro de 2025, pelo Papa Leão XIV. O jovem santo é o maior testemunho da Igreja que é possível ser santo e missionário hoje. Uniu a vida de santidade à missão vinda dos apóstolos: por meio da vivência da oração, sobretudo mariana e sacramental, buscava a Eucaristia diária e dizia: “A Eucaristia é minha alta estrada para o Céu!”. Exerceu a missão por meio do uso da internet, divulgando conteúdos de formação cristã, como exposições sobre milagres eucarísticos e no serviço aos mais necessitados.
Irmãos, o Espírito Santo caminha conosco, sigamos firmes com o auxílio desse divino Consolador, apoiados no testemunho dos apóstolos e trilhando o caminho da santidade deixado por eles. Que a Virgem Maria, mãe da Igreja, conduza-nos à meta final sendo nossa testemunha até o Céu.