A PREGAÇÃO DE JOÃO BATISTA E A PREPARAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE JESUS

Lucas inicia o capítulo terceiro apontando que o divino se manifesta e concretiza no interno do espaço temporal com a descrição das pessoas envolvidas no contexto.

O imperador Tibério César iniciou seu reinado em 14 d.C. A Judeia era administrada pelo governador Pôncio Pilatos. Este mantinha a região sob controle e geria a cobrança de impostos para Roma. Herodes Antipas governou a Galileia e a Pereia de 4 a.C. a 39 d.C. Arquelau, irmão de Herodes, governou a Judeia e a Samaria até 6 d.C. Filipe, também irmão de Herodes, comandava a região norte, a leste do rio Jordão. Anás e Caifás eram os sumos sacerdotes no templo.

Nesse ambiente, surge a figura de João Batista, filho de Isabel e Zacarias, que inicia o seu ministério no deserto próximo ao rio Jordão. Ele é um profeta cuja missão era preparar o coração das pessoas a acolher o ministério de Jesus. Ele aponta: “Eis o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1,29).

João pregava o Batismo de arrependimento, uma mudança de atitudes para perdão de pecados (cf. Lc 3,3). A pregação de João era muito contundente, conclamando que sem uma verdadeira mudança ninguém estaria isento da ira vindoura. Ele dizia que o machado já estava posto à raiz.

As muitas pessoas que iam até João, compungidas em seu interior, indagavam-lhe o que deveriam fazer. Ele as instruía a que repartissem as túnicas. A túnica era uma roupa de baixo. Normalmente, era usada uma só.

João sugere que quem tivesse duas entregasse uma a quem não tinha nenhuma. O mesmo princípio é aplicado ao alimento (cf. Lc 3,11).

Igualmente os publicanos, cobradores de impostos, buscavam o Batismo. Os impostos eram direcionados a Roma e não ao benefício do povo. Os cobradores encaminhavam a quantidade exigida por Roma. Em geral, cobravam quantia bem maior, ficando para si a diferença. O enriquecimento se dava por meio de cobrança indevida. A esses João também responde advertindo a não exigirem mais do que fora prescrito. Os soldados também interrogavam sobre o que deviam fazer. Respondia-lhes que a ninguém molestassem com extorsões ou falsas denúncias e que se contentassem com o soldo que recebiam. Com muitas outras exortações, João anunciava a Palavra ao povo.

João e seus conterrâneos esperavam a chegada do Messias. Este exerceria o julgamento contra os inimigos e realizaria a libertação do povo. A forma de Jesus agir parece contrariar as expectativas. Dúvidas começam a surgir.

Como eram grandes as especulações messiânicas em meio ao povo, João afirma categoricamente não ser ele o Messias. Diz que alguém maior do que Ele está por vir. Ele João mesmo nem se considera digno de ao menos desatar as sandálias dele de seus pés.

João professava que batizava somente com água. O Cristo batizaria com o Espírito Santo e com fogo. O fogo representa o julgamento e o Espírito Santo representa a bênção de Deus.

Por causa de sua pregação, João acabou preso. Herodes Antipas divorciou-se de sua mulher para unir-se a Herodíades, que era esposa de seu irmão Filipe. João denunciou como ilícito esse relacionamento. Herodes mandou que fosse preso na prisão da fortaleza de Maquero, localizada a leste do mar Morto.

Jesus é batizado. Nesse momento, s recebe o Espírito Santo, apresentado em forma de pomba. A voz confirma a filiação divina de Jesus: “Tu és o meu Filho, eu, hoje, te gerei!” (Hb 1,5). Esse fato é relatado pelos quatro Evangelhos.

Em seguida, Lucas apresenta a genealogia de Jesus que retrocede até Adão. Esta difere da de Mateus, que liga Jesus a Abraão. Afirma que Jesus é descendente de Davi.

Assim se encerra para que os seguidores e seguidoras de ontem e hoje, abrindo seus ouvidos e corações, acolham aquele que é o Filho amado de Deus, o Cristo, e sigam o caminho da justiça.

“E do céu veio uma voz.” (Lc 3,22)

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