Neste mês de abril, celebraremos o centro de nossa vida cristã: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus. Bem diferente do ano passado, quando a pandemia impediu que estivéssemos reunidos em comunidade, agora podemos viver esse momento tão especial, unidos num só coração e numa só alma. Não devemos deixar de rezar e buscar o Deus da Paz!
Se a pandemia está sendo controlada, tivemos em março a invasão da Ucrânia pela Rússia, o que causou grande sofrimento. Lembro-me das palavras do Papa Francisco no Angelus do dia 13 de março: “Em nome de Deus, eu peço: parem este massacre. Diante da barbárie da matança de crianças, de inocentes e de civis indefesos não existem razões estratégicas plausíveis”. Jesus diz no Evangelho de Mateus: “Tendes ouvido o que foi dito: amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo, sereis os filhos de vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos.
Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,43-48).
Certa vez, ouvi uma história que tocou muito meu coração: uma mulher, todos os domingos, visitava um jovem na prisão. Levava comidas diferentes, passava o dia todo lá. O rapaz deitava no seu colo, ela acariciava sua cabeça e beijava seu rosto. Um agente penitenciário sempre observava como a mulher tratava tão bem aquele que havia cometido um crime grave. Então, num dos dias da visita, quando a mulher estava indo embora, aproximou-se e lhe fez um grande elogio: “Eu admiro o que a senhora faz com seu filho que está preso aqui. Não falta em nenhum dia de visita. Sabe, o que mais me toca é ver seu carinho e amor por ele. A senhora deita-o no colo, beija seu rosto, conversa o tempo todo. Confesso: nunca minha mãe fez isso comigo. Apesar de estar preso, penso que seu filho deve se orgulhar da mãe que tem”. A mulher sorriu, perguntou se podia lhe dar um abraço. Ele aceitou. Então, ela disse: “Ele não é meu filho. É o assassino do meu filho. Eu perdoei o que ele me fez e procuro dar-lhe o que ele nunca teve”.
Precisamos ser educados e evangelizados para a construção da paz. No lançamento da Campanha da Fraternidade deste ano, que tem como tema “Fraternidade e educação” e o lema bíblico “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26), em Missa no Santuário Nacional de Aparecida (SP), o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira Azevedo, destacou que nós, como Igreja e família, somos sempre aprendizes e educadores. Ensinamos na medida que aprendemos, por isso, a Igreja conclama no caminho quaresmal a conversão do nosso coração contra tudo que se contrapõe à fraternidade universal. Dom Walmor falou das guerras, conflitos pequenos e grandes, e afirmou ser preciso nos educarmos e investirmos na educação como ato escolar mas, também, como aprendizagem de um jeito humanista de ser e como caminho para superar ataques e polarizações.
Que façamos nossas as palavras do hino da Campanha da Fraternidade 2022: “O caminho nos quer convertidos: mergulhar no mistério profundo para que, em sua Páscoa, busquemos compaixão no cuidado com o mundo. Conformados em Cristo, seremos aprendizes do dom tão fecundo”.