COM FRANCISCO, COLABORAR PARA A TRANSFORMAÇÃO MISSIONÁRIA DA IGREJA

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Como propusemos no artigo anterior estamos realizando uma meditação sobre a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, escrita pelo Papa Francisco e publicada em novembro de 2013 na solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.

O primeiro capítulo da referida exortação aborda o tema da transformação missionária da Igreja. Nele surge uma expressão fundamental do magistério de Papa Francisco: “uma Igreja ‘em saída’” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 20). Trata-se de uma realidade íntima que comparece na própria identidade eclesial: sua índole missionária. Nosso Papa recorda como Deus constitui para si um povo com esse chamado: ir, sair, colocar-se a caminho.

A missionariedade da Igreja deve caracterizar cada cristão batizado: “Cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede, mas todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 20).

Para que tal proposta seja realidade em nossas comunidades é necessária, segundo o Papa, uma conversão pastoral, isto é, uma pastoral em contínuo movimento de conversão. Esse se movimento configura como vida nova em Cristo, espírito evangélico autêntico e fidelidade à própria vocação (cf. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 26).

O objetivo de Francisco é “Colocar tudo em chave missionária” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 34), incluindo a maneira de comunicar a mensagem. Enfrentamos muitos desafios no âmbito do anúncio cristão: a mass media, as ideologias e culturas anticristãs etc. impõem-nos desafios e, ao mesmo tempo, oportunidades. Nesse âmbito, a grande intuição do Papa reside na centralidade do Evangelho: partir do coração dele é irrenunciável aos discípulos do Senhor.

É importante ressaltar que o magistério de Francisco não se perde em idealismos e malabarismos teóricos. O Papa é consciente das limitações humanas dos discípulos-missionários do Senhor Jesus. Considerando isso, pede-nos: “Sem diminuir o valor do ideal evangélico é preciso acompanhar, com misericórdia e paciência, as possíveis etapas de crescimento das pessoas, que se vão construindo dia após dia” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 44).

A Igreja, como uma mãe de coração aberto, deve estar sempre disposta a acolher seus filhos e, com paciência materna, acompanhar, discernir e integrar a fragilidade de todos nós que ainda estamos a caminho. Durante o percurso somos chamados a crescer na fé e na humanidade; somos chamados a nos aproximar, a cada passo, mais e mais de nosso Senhor Jesus Cristo: “Muitas vezes é melhor diminuir o ritmo, pôr de parte a ansiedade para olhar nos olhos e escutar, ou renunciar às urgências para acompanhar quem ficou caído à beira do caminho. Às vezes é como o pai do filho pródigo, que continua com as portas abertas para, quando este voltar, poder entrar sem dificuldade” (Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 46).

Pe. Thales Maciel Pereira

Doutorando em Teologia Sistemático-pastoral pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Pela mesma instituição é mestre em Teologia e cursa especialização em Filosofia Antiga.

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