Após saber que o Senhor tem um nome e que este é sublime e está acima de todo nome, convém dizer que não se pode pronunciá-lo em vão, levando-o a situações meramente humanas, reduzindo tal pronúncia à de um nome qualquer.
A máxima do segundo mandamento é “Não invocarás em vão o nome do Senhor teu Deus” (Ex 20,7). Muitas vezes, corre-se o risco de achar que em nada se pode falar o nome de Deus, mas não é bem assim. O alerta desse mandamento divino é em relação ao modo e à circunstância em que o nome de Deus é pronunciado. Diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), no parágrafo 2142: “O segundo mandamento manda respeitar o nome do Senhor (…) regula, dum modo mais particular, o nosso uso da palavra nas coisas santas”. Por exemplo, se a pessoa pronuncia o nome de Deus por meio da oração, jamais estará em pecado, visto que a oração já implica um ato de falar com Deus. Todavia, se você usa o nome de Deus numa relação comercial ou um juramento diante de outra pessoa, como dizer “eu juro em Deus”, aí você já fere o mandamento. É preciso ter sempre em mente de que o nome do Senhor não pode ser nivelado a realidades humanas. “‘O nome do Senhor é santo’; por isso, o homem não pode abusar dele. Deve guardá-lo na memória, num silêncio de adoração amorosa. E não o empregará nas suas próprias palavras senão para o bendizer, louvar e glorificar” (Catecismo da Igreja Católica, 2143).
O verbo “invocar”, segundo o dicionário, é “chamar em auxílio; pedir a proteção de; suplicar etc.” Veja, é uma palavra que tem um sentido de partir de baixo para o alto, de uma realidade humana para uma Divina, de um ser limitado para um ilimitado. É uma ação que leva todo aquele que o invoca a compreender que, quando se quer falar de ou com Deus o coração se inclina às coisas do Alto, ou seja, faz-se uso de palavras um tanto quanto santas, purificadas de quaisquer maldades. Por isso o Catecismo da Igreja Católica ressalta tanto, nesse mandamento da lei de Deus, o cuidado para não diminuir esse nome: “A santidade do nome de Deus exige que não se recorra a ele por questões fúteis e que não se preste juramento em circunstâncias susceptíveis de serem interpretadas como uma aprovação do poder que injustamente o exigisse. Quando o juramento é exigido por autoridades civis ilegítimas, pode ser recusado. E deve sê-lo, se for pedido para fins contrários à dignidade das pessoas ou à comunhão da Igreja” (2155).
No tocante aos jovens, sobretudo na fase da adolescência – que é a etapa da vida onde se buscam as afirmações, inclusive por meio das palavras –, quando o jovem quer mostrar que é honesto, que suas palavras têm um sentido verdadeiro, corre-se o risco de querer trazer o nome de Deus a realidades humanas, passageiras, fúteis. Não é um ato de pronunciar buscando as coisas do Alto, mas sim de querer trazer o que é do Alto para justificar coisas cá de baixo, terrenas. Assim não pode! Dessa forma, menospreza-se o nome de Deus, coloca-se esse nome em risco. Todavia, o melhor que se faz é educar o jovem nos caminhos do Senhor, mostrando que aquele que tem palavras de vida eterna é o único que deve inspirar as palavras humanas. A experiência real com Cristo o tornará seguro de si mesmo a tal ponto de não precisar jurar no nome dele a fim de que suas palavras ganhem um respaldo. O que assegurarão suas palavras será o testemunho de uma vida coerente.
É preciso, portanto, que neste mundo de tantas incoerências, onde os seres humanos buscam se firmar por meio das palavras, que não falte o discernimento de que se buscar o nome do Senhor como fonte de inspiração por meio da oração o terá, mas, se o ficar invocando para justificar todas as suas ações ou até as maquinações reduzirá esse nome e o invocará em vão.
Que não falte o discernimento de como pronunciar o nome santo do Senhor.