Fazemos memória da ação salvífica do Senhor no Tríduo Pascal, que resplandece como o ápice de todo o ano litúrgico. O Tríduo começa com a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa; passa pela Sexta-Feira da Paixão; respeita o silêncio do Sábado Santo e culmina no Domingo de Páscoa, que se inicia na noite santa, na Vigília Pascal, proclamando a ressurreição do Senhor.
QUINTA-FEIRA SANTA
Numa quinta-feira, Jesus reuniu seus discípulos para a Última Ceia, na qual instituiu a Eucaristia. Durante essa celebração, Ele exortou seus discípulos a se amarem, a permanecerem unidos, pois o amor seria o sinal de seu seguimento: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35). Depois dos adeuses e despedidas, em meio a diversos ensinamentos, Jesus apresentou-se como o caminho para que se possa ir ao Pai: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14,6). Prometeu o Espírito Santo como novo Paráclito (consolador, advogado): “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco” (Jo 14,16).
Jesus exortou seus discípulos a permanecerem unidos a Ele. Somente essa comunhão poderá fazer que produzam frutos (paz, amor, alegria, confiança etc.) e suportem o ódio e a perseguição que deverão sofrer no mundo. O Senhor preparou seus discípulos para o momento da tristeza da separação, entretanto, anunciou a alegria do reencontro: “Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis. Naquele dia, conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós” (Jo 14,19.20).
Depois desses ensinamentos, Jesus seguiu com seus discípulos para o Jardim das Oliveiras e pediu que se sentassem enquanto Ele iria rezar, levando consigo Pedro, Tiago e João. Num momento de angústia suprema, Jesus compartilhou com os três discípulos sua tristeza e sua angústia: “Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo” (Mt 26,38). A oração de Jesus foi dramática: “Meu Pai, se é possível, afasta de mim este cálice! Todavia, não se faça o que eu quero, mas sim o que tu queres” (Mt 26,39). Então, Judas chegou e apresentou Jesus aos soldados. Todo o sofrimento que seguiu dali em diante – prisão, rápido julgamento, falsas testemunhas, flagelação, blasfêmia, coroação de espinhos etc. – foi suportado e entregue a Deus em reparação aos nossos pecados.
SEXTA-FEIRA SANTA
Jesus foi condenado à crucificação de modo humilhante. O Senhor dos Senhores foi levantado na cruz como um malfeitor, em meio a dois criminosos. Enquanto um zombava de Jesus, outro reconhecia sua inocência e pedia-lhe que se lembrasse dele quando estivesse no Paraíso e Jesus não o decepcionou. O Cordeiro sem defeito e sem mancha foi crucificado. Ao pé da cruz, sua mãe sofreu profundamente e, no silêncio de seu coração, recordou-se das palavras do profeta Simeão: “(…) e uma espada transpassará a tua alma” (Lc 2,35). Ela estava ali, a mãe que não abandona seu filho, não importa o que aconteça. Então se ouviu o brado de Jesus: “Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito” (Jo 19,30).
SÁBADO SANTO, O GRANDE SILÊNCIO
O que acontece no dia de sábado? “Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a Terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos” (“A descida do Senhor à mansão dos mortos”, Liturgia das horas, v. II, p. 439).
DOMINGO DA RESSURREIÇÃO
Na sexta-feira, tinham sepultado apressadamente o corpo do Senhor, sem ao menos prepará-lo adequadamente segundo o costume judaico, pois já se aproximava o pôr do sol e estava para principiar o sábado. As mulheres, que seguiam Jesus, tendo observado o preceito sabático, “No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado (…) entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus” (Lc 24,1-3). Ficaram surpresas com o túmulo vazio e amedrontadas, pois diante delas apareceram dois personagens com vestes resplandecentes e lhes disseram: “Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como Ele vos disse: ‘O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia’. Então elas se lembraram das palavras de Jesus” (Lc 24,5-7).
Imaginem a alegria daquelas mulheres – Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago – correndo para contar tudo aos onze e a todos os demais. Tão logo Pedro ouviu a Boa-Nova, correu ao sepulcro; inclinando para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do que acontecera (cf. Lc 24,9-12).
ALELUIA! JESUS RESSUSCITOU!
Assim, celebrando o Tríduo Pascal, atualizamos, de forma não cruenta, a paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele “(…) ofereceu pelos pecados um único sacrifício e, logo em seguida, tomou lugar para sempre à direita de Deus. Por uma só oblação, Ele realizou a perfeição definitiva daqueles que recebem a santificação” (Hb 10,12-14). Assim, em nossos dias, em cada celebração eucarística, no sublime Sacramento do altar, temos um sinal inequívoco da presença verdadeira, real e substancial de Jesus em sua Igreja.
Que o Espírito Santo de Deus nos ajude a exclamar com alegria e todo o coração: “Aleluia! Jesus ressuscitou! Ele verdadeiramente ressuscitou! Aleluia!”.