TUDO COMEÇA COM FINS RECREATIVOS OU COMO UMA FUGA DA REALIDADE

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Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a dependência química acontece quando a pessoa faz uso de alguma droga de modo contínuo ou periódico para experimentar seus efeitos psíquicos. As drogas podem ser lícitas (álcool ou determinados medicamentos) ou ilícitas (maconha, cocaína, crack etc.), causando distúrbios físicos, emocionais e mentais.

Quando a pessoa se torna dependente da droga, caso haja abstinência surgem muitos sintomas: alteração da pressão arterial, tremores, diarreia, sudorese, irritação, angústia, depressão, agitação etc. e o usuário retorna ao consumo da droga para aliviar esses sintomas, gerando um círculo vicioso por conta do desejo persistente de uso e da incapacidade de controlá-lo. Na medida em que o tempo passa, o usuário necessita aumentar cada vez mais as doses da droga para obter os mesmos efeitos de antes, devido à tolerância que o organismo cria, o que pode levar à morte por overdose.

A dependência química leva o usuário a gastar muito tempo em atividades para a obtenção da droga, o que reduz o seu círculo social: é comum ele perder o emprego, afastar-se da família e dos amigos. O que realmente importa é continuar a fazer uso da droga, apesar de todos os prejuízos físicos e emocionais. A família e a sociedade como um todo sofrem com isso, uma vez que os usuários fazem qualquer coisa para obter a droga, furtando objetos, assaltando ou até matando pessoas.

O abuso de drogas pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de algumas doenças físicas e mentais, mas também pode ser uma consequência de algumas dessas enfermidades: esquizofrenia, depressão, transtorno de personalidade, cirrose, câncer, insuficiência renal, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), hepatites B e C, sífilis, lesões cerebrais e desnutrição, entre outras.

A dependência química é uma doença que necessita de tratamento adequado! Os principais entraves para a busca de uma orientação especializada são a negação da doença, a falta de apoio e o medo do estigma social negativo.

Além disso, muitos amigos e familiares não sabem como ajudar um dependente químico ou desconhecem a existência de tratamentos especializados.

O tratamento para dependentes químicos deve ser personalizado, de acordo com um diagnóstico criterioso realizado por uma equipe multidisciplinar, que leva em consideração as especificidades de cada caso, visando ao atendimento das múltiplas necessidades do paciente e a reorganização de sua vida como um todo. O acompanhamento médico, com o uso de medicamentos específicos para cada pessoa e o acompanhamento psicológico, deve ser constante, em todas as etapas do tratamento.

A desintoxicação é a primeira etapa do tratamento e consiste na eliminação das drogas presentes no organismo. O tratamento psicológico é fundamental na solução de problemas, na modificação de comportamentos e no auxílio no desenvolvimento de novas concepções sobre si e o mundo, colaborando para uma mudança positiva na vida do dependente químico.

As internações são realizadas quando o paciente apresenta comportamentos agressivos e pensamentos suicidas. A Lei de Proteção e Direitos das Pessoas Portadoras de Transtornos Mentais (Lei 10.216/2001) prevê as formas de internação voluntária (feita com o consentimento do usuário), involuntária (quando o usuário não tem a percepção crítica da

necessidade de internação e oferece risco iminente para si mesmo ou para outras pessoas) e compulsória (quando é determinada pela justiça mediante um pedido formal de um médico, por meio de um laudo, atestando que a pessoa não tem condições físicas e psicológicas para procurar tratamento sem intervenção de um terceiro).

Olga Tessari

Psicóloga, psicoterapeuta e pesquisadora desde 1984. É escritora, dá cursos e palestras, faz consultoria comportamental, mediação de conflitos e é professional e life coach.

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