José, o silêncio do justo

Uma das figuras mais silenciosas dos evangelhos foi São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. Ele não disse nenhuma palavra e, no entanto, sua presença na história salvífica foi de total reconhecimento. Descendente da tribo de Davi, carpinteiro, simples e humilde, pouco se sabe de suas origens; talvez os livros apócrifos deem outras informações. O que mais interessa conhecer desse homem é sua integridade diante dos acontecimentos envolvendo Maria e Jesus e seu testemunho de fé e acolhida ao projeto de Deus.

José, ao assumir o casamento com Maria, em meio às dúvidas e inseguranças, fez de sua vocação um sacrifício de amor, renunciando a suas vontades para dar espaço ao mistério de Cristo. Ele cuidou de Maria e de Jesus e os protegeu com sua própria vida, sempre centrado nos sonhos de Deus para a humanidade. Certamente, compreendeu que estava diante da esperança do povo quando se entregou livremente à justiça divina. “Vive a lei como Evangelho, procura a via da unidade entre direito e amor. E assim é interiormente preparado para a mensagem nova, inesperada e humanamente inacreditável, que lhe chegará de Deus.” (Papa Bento XVI)

José foi a revelação do rosto paterno de Deus, um rosto amoroso e decidido a viver totalmente seu chamado como fonte de vida, donde emana a santidade, o diálogo fecundo, a sabedoria sem palavras. O sonho de José é real, um sinal de que Deus também foi apaixonado por ele, encantou-se por sua inocência e deu todo o seu ser a Maria para que juntos fossem os guardiões da paz.

A mística de São José é a da contemplação ativa na Igreja doméstica, de um homem que trabalha incansavelmente no labor do dia e tem olhos atentos na educação do Menino Deus. Certamente, refletiu sobre os acontecimentos e se colocou em diálogo com a santa esposa, vencendo as tribulações e os desafios de um tempo marcado por perseguições, preconceitos, julgamentos, farisaísmo e lutas. Revelou ao mundo sua fortaleza de espírito e a delicadeza de ser pai do Salvador.

A Igreja dá a São José o título de Patrono Universal, um grande amigo o qual podemos invocar nas horas avançadas da dúvida. Sua presença espiritual é um bálsamo de alegria no caminho batismal, ajudando-nos a sustentar sempre a fé e nunca abandonar o ideal da Boa-Nova pautada na justiça e no temor a Deus.

Papa Francisco, em suas homilias, disse que “Sempre nos devemos interrogar se estamos protegendo com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, à nossa guarda”. É uma atitude digna dos filhos de Deus, sobretudo dos cristãos, se tivermos como modelo de cuidado do ser humano e da criação o bom São José. Dar a vida é um gesto de oblação em sintonia com o amor de Deus.

Assim como Deus confiou essa missão de proteger o mais precioso tesouro, Jesus de Nazaré, ao casto José, Ele nos convoca a guardar com solicitude o patrimônio espiritual do qual somos herdeiros. 

Viva São José, glorioso patriarca!

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